Prosimetron

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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Ainda a defesa da família


Considero que a família é uma instituição fundamental da sociedade, sendo a sua célula básica. É assim que estamos organizados há milénios e não surgiu até à data modelo melhor do que este fundado numa realidade biológica mas que se não esgota na biologia como todos sabemos.
Tenho o maior, e igual, respeito por todas as famílias: as que nascem do sacramento do matrimónio ou acto equivalente sancionado por uma religião, as que derivam de um contrato civil de casamento ou ainda as que surgem de uma união de facto, hetero ou homo. Têm todas, para mim, a mesma dignidade- férteis ou inferteis, reduzidas ou numerosas, adoptivas ou biológicas.
Feita esta profissão de fé, tenho que dizer o seguinte: nunca a família esteve tão protegida como na época em que vivemos. Basta que comparemos, e todos temos memória que até aí alcança, os mecanismos concedidos directamente pelo Estado e os impostos às entidades empregadoras que existiam há umas décadas atrás com os que actualmente existem para concluirmos que efectivamente não se pode dizer que as famílias estejam ameaçadas.
É certo que os estados ajem no seu próprio interesse- a soberana preocupação é a demografia. É esta a ameaça que paira sobre a Velha Europa, velha também literalmente, e tentando contrariar as terríveis tendências demográficas as famílias são apoiadas. Tanto na escala macro- ao nível da fiscalidade, das prestações sociais, das licenças de maternidade e paternidade etc- como na escala micro- veja-se o exemplo entre nós da crescente quantidade de municípios que oferecem quantias em dinheiro por cada criança nascida.
É certo que há desafios novos que ocupam e preocupam as famílias, desde logo os perigos potenciais derivados deste meio de comunicação em que estamos, mas não me parece sinceramente que as famílias ou a instituição família esteja em perigo.
Questão diferente, entrando aí no domínio da ideologia, é se há modelos de família que estejam ou se sintam, uma coisa é a percepção outra a realidade, ameaçados.
Cada um de nós tem todo o direito de defender o modelo de família que lhe parece mais "certo" e de agir em conformidade - mas então que se diga tal abertamente: defendemos a família cristã, ou a família católica, ou a família tradicional. E que os inimigos, reais ou imaginários, de tal modelo de família sejam claramente identificados.
Não me incomodam as manifestações, são o sal da democracia, mas incomoda-me que a "defesa da família", objectivo muito nobre, sirva de enorme guarda-chuva para outras agendas.

3 comentários:

Filipe Vieira Nicolau disse...

Excelente crónica e digna de ser publicada na Comunicação Social já que há infelizmente tanto "lixo" a ser divulgado

Anónimo disse...

Faço minhas as palavras do anterior comentador! Sem dúvida bem escrito e sobretudo clarividente e lúcido.
Abraço
CS

ana disse...

Subscrevo. :)