Prosimetron

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quinta-feira, 15 de abril de 2010

Poema, Nuno Júdice!

Stephens, Mirror Ball


Poema

De tarde, no campo, nenhum pássaro cantou;
e só neste fim do dia um vento traz o assobio
da primavera melancólica: despedidas,
imagens breves, nenhuma inspiração. O sopro nocturno,
porém anuncia um reflexo de espelho no fundo
do corredor. A voz surge de um dos quartos
em que a ausência se perde. Um baço
murmúrio se aproxima do gemido que evoca
o mar - sem que a onda se decida, quebrando
o som agonizante, Então abro a porta
e chamo-te; sabendo que só a noite me
responderá.

Nuno Júdice, As Regras da Perspectiva, Lisboa: Quetzal Editores, 1990, p.54

2 comentários:

Margarida Elias disse...

Gosto muito desta pintura, que também não conhecia. Obrigada!

ana disse...

Obrigada! :)