Prosimetron

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domingo, 2 de maio de 2010

«Do retrós e do retro»


Rua da Conceição, antiga Rua dos Retroseiros
Foto Armando Serôdio, 1963
Arq. Fot. CML, PT/AMLSB/AF/SER/S01852

«Quando se fala da animação da Baixa de Lisboa, da necessidade de música e de lojas, restaurantes e hotéis de charme, espanto-me sempre - sim, ainda - por nunca se falar do carácter nostálgico, encantatório e museológico das gerações de ademanes, penduricalhos e apêndices que se exibem e comercializam nos retroseiros. Espanto-me por não surgir, entre os que se anunciam arquitectos de intervenções savíficas, a ideia de criar uma espécie de oficina de intervenções artesanais naquela rua, um sítio onde se possa mandar coser botões, fechos, tricotar cachecóis, subir bainhas, apertar saias, aplicar cotoveleiras. Um lugar onde, mesmo que a maioria dos clientes já não saiba o que é um retrós (descodificado no dicionário como "fio de seda torcido geralmente usado na costura"), se possa celebrar e viabilizar a existência de retrosarias. E fazer mais infinito, torcer e retorcer o prazer que elas são.»
Final da crónica de Fernanda Câncio «Do retrós e do retro» (In: Notícias Magazine, 2 Maio 2010)

Acho que uma das funções das câmaras municipais deveria ser preservar algumas das suas lojas, como edifícios e espaços de interesse municipal.

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