Prosimetron

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quarta-feira, 9 de junho de 2010

António Manuel Couto Viana -1923 / 2010




Morreu discretamente aos 87 anos, como viveu a maior parte da sua vida dedicada à poesia, ao teatro, à música. Ligado ideológicamente ao Estado Novo, sobretudo aos valores da Pátria que cantou em belíssimos poemas, viu ser-lhe feita alguma justiça na última década, com a publicação pela Imprensa Nacional em 2004, da sua obra poética "António Manuel Couto Viana - 60 anos de Poesia".


Falando da sua morte, Mário Cláudio, disse que "foi muito injustiçado, porque era dos poucos escritores de talento que estavam ao lado do Antigo Regime" e Jorge Letria, vice-presidente da SPA, referiu que "morreu um poeta de grande mérito com um percurso discreto por razões ideológicas".

O PÁSSARO FATAL

Aquele pássaro inquieto e inquietador
Que ia poisar-me na mão aberta
E me escrevia juventude e amor
Na minha letra desenhada e certa,

Vou, há quanto tempo, do meu céu.
Deixou-me algumas penas. Mas nenhuma
Sabe traçar aquele que sou eu,
Oculto, agora, em solidão e brum

Com saudades lembro as suas asas,

Palpitantes, no alor da Primavera,
Sobre o meu coração, voando, rasas,
A fremir a a arfar: espera! Espera!

A esperar, afinal, este final?
Porque não findas, poeta, quando finda
O voo desse pássaro fatal
E, já sem nada seres, vens escrever-te ainda?

3 comentários:

APS disse...

Meu caro JMS:
gostei muito do seu post. Como não tenho o seu email, tenho que lhe dizer aqui que o retrato que postou é do Alberto Lacerda e não do António Manuel Couto Viana.
As melhores lembranças,
A.S.

João Mattos e Silva disse...

Caro A.S.,muito obrigado pelo comentário e pela chamada de atenção. Já está emendado. Um abraço.

ana disse...

Gostei do poema. :)