Prosimetron

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domingo, 15 de agosto de 2010

Salzburgo e o seu festival: 1945 - 1959

Em Agosto de 1945, realizam-se novamente os Festspiele - um pequeno milagre, tendo em consideração que decorreram apenas três meses após o fim da Segunda Guerra Mundial. Salzburgo, repleta de refugiados e soldados, mostra as feridas dos bombardeamentos, e muitos dos bens essenciais adquirem-se somente no mercado negro. As tropas americanas impulsionam a retoma das jornadas.


A partir de 1946, inicia-se um processo de normalização e renovação em simultâneo. Membros da Wiener Staatsoper e dos Wiener Philarmoniker regressam a Salzburgo. Um dos nomes mais significativos do período pós-guerra é Oscar Fritz Schuh que, até 1970, viria a concretizar 30 encenações para o festival, contribuindo para uma programação inovadora que inclui estreias absolutas de obras de Carl Orff, Frank Martin ou Rolf Liebermann. Os maestros Wilhelm Furtwängler, Karl Böhm e Josef Krips criam uma nova geração de cantores, talvez a geração “ínclita” da história do festival e do canto lírico em geral: Elisabeth Schwarzkopf, Lisa della Casa, Irmgard Seefried, Elisabeth Grümmer, Fritz Wunderlich, Hermann Prey, Anneliese Rothenberger, Dietrich Fischer-Dieskau, e muitos, muitos outros artistas, cujos nomes ainda hoje fazem “arrepiar” qualquer admirador de ópera. Produções, como as de Don Giovanni de 1953, sob a direcção de Furtwängler e com as interpretações de Schwarzkopf/Grümmer, continuam referências no universo da música clássica. Inúmeras são as ideias criativas na década de 1950. Refira-se, a título de exemplo, a encenação da produção da Flauta Mágica de 1955 por Oskar Kokoschka.


O teatro encontra um perfil novo e fresco, graças a Ernst Lothar como responsável. A primeira encenação moderna de Jedermann, após a estreia de 1920, a ele se deve, com o saudoso Will Quadflieg no papel principal (uma das últimas aparições cinematográficas foi em O nome da rosa).
E cada vez mais, é notável a presença de um homem que daria aos Festspiele uma reputação sem precedentes: Herbert von Karajan. Em 1948, dirige o Orfeu de Gluck, em 1956, é nomeado director artístico e, em 1957, estreia-se como realizador em Fidelio de Beethoven. A produção do Don Carlo de Verdi de 1958 com Fischer-Dieskau e Della Casa tornou-se lendária.
- to be continued -


Imagens: Elisabeth Schwarzkopf; Fritz Wunderlich; Anneliese Rothenberger; Hermann Prey

1 comentário:

ana disse...

Muito interessante!