Prosimetron

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sexta-feira, 25 de novembro de 2011

PENSAMENTO(S) - 211


7ª FORMA DE ALEGRIA : MEMENTO VIVERE!

O dia de amanhã, o dia do nosso medo, da nossa previdência, o dia da formiga, é um dia da prudência que não convém idolatrar ( haverá outro dia de amanhã, o da herança, mas o seu uso não vem agora ao caso ), pois impede o estar diante dos agoras, uma sombra que não deixa ver o risco que nos cabe por estarmos vivos. Nestes tempos que correm, o mais grave dos esquecimentos, pois só aprofundando o risco  podemos salvar-nos ( é em Thoreau e a Bernanos que Clarice Lispector vai alicerçar a sua compreensão ). Ainda mais que um esquecimento, um irreconhecimento combativo: a luta cega pela segurança. O carácter anestesiador dessa luta observa-se no viver como se houvesse outra vida para viver, fazendo soar a cantilena do diabo: adia, adia...
Ora, diz Clarice: " A mensagem é clara: não sacrifique o dia de hoje pelo de amanhã "- ecoando o carpe diem de Horácio e a exigência goethiana de fazer jus ao dia, no sentido de " não te esqueças de viver! " ( mote de um maravilhoso livro de Pierre Hadot ) - o que se prolonga na aceitação de que há um tempo para cada coisa, para cada nascimento, sejam rosas ou morangos: " Sentia que havia um tempo inadiável correspondente a cada momento[...] Nada guardando para o dia seguinte, ali mesmo ofereci o que eu sentia àquilo que me fazia sentir ".

- Maria Filomena Molder, in Sobre a Alegria, Á memória de Olímpio Ferreira, na INTERVALO #4, Fevereiro de 2010.

Meu caro MLV: Gosto muito deste fragmento da Prof.Molder e das injunções nele contidas: agarra os dias da tua juventude! ( é este o sentido completo do famoso carpe diem! de Horácio ), não te esqueças de viver! e não sacrifique o dia de hoje pelo de amanhã da Clarice Lispector.
Parecem-me excelentes conselhos, para ti, para mim, para todos os que vivem.

1 comentário:

MLV disse...

E "nada guardando para o dia de amanhã...". Sem dúvida um conselho a seguir. Obrigado, LB.