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quinta-feira, 23 de maio de 2013

Leituras no Metro - 132

O último JL, publica o prefácio que Eduardo Lourenço escreveu para a nova edição das Cartas de amor entre Fernando Pessoa e Ofélia Queirós. O volume, que traz 155 novas cartas, foi organizado por Richard Zenith e vai ser publicado até final de maio pela Capivara, do Rio de Janeiro, com o título Fernando Pessoa & Ofélia Queiroz: correspondência amorosa completa (1919-1935)
Só para abrir o apetite, aqui fica o início do texto do nosso aniversariante de hoje: 
«Para os admiradores incondicionais de Pessoa, a leitura da sua correspondência com a predestinada jovem com o nome fatídico de Ofélia não é um texto como qualquer outro de Pessoa. Podemos imaginar que na sua perspetiva este episódio único do poeta da "Tabacaria" como pastor amoroso era, ou foi, tão ficcional como todos os outros que subscreveu com o seu nome ou com o dos famosos heterónimos. A esta última comédia que lhe conferiu uma aura universal designou-a ele como "drama em gente". Mais sofisticado labirinto literário não se conhece. Há mais do que a sombra dele ao menos do seu lado, nas cartas que trocou com Ofélia, vítima propiciatória da alma múltipla apostada em imitar Deus e ser como ele "tudo de todas as maneiras".
«Só que Ofélia não era um seu heterónimo mas uma jovem burguesa de Lisboa dos anos 20, que talvez nunca tenha imaginado que chamou a atenção de Pessoa por ter aquele nome mítico como destino. [...]»
Um texto luminoso! A não perder.
O livro também vai ter edição em Portugal. É desta vez que eu vou comprar uma nova edição das cartas....

Marc Chagall - Amoureux de Vence

Parabéns, Eduardo Lourenço!


6 comentários:

LUIS BARATA disse...

Parabéns!

ana disse...

Felicito Eduardo Lourenço.
Quanto às Cartas, fez-me impressão conhecer esta faceta de Pessoa, confesso.

MR disse...

As cartas são fraquíssimas, pelo menos as que se conhecem até agora, mas, eu que não sou apreciadora deste tipo de literatura - não sou nada voyeurista -, acho que elas mostram um Pessoa mais humano, mais terreno. Mas penso que não é a opinião de Richard Zenith, para quem, dizendo de um modo simplista, Pessoa construiu-se.
E o texto de E.L. também é muito elucidativo.

Ana Venâncio disse...

Não li as cartas de amor. Pelos comentários deduzo que apresentem uma faceta menos luminosa de Fernando Pessoa, mas como o próprio escreveu num poema maravilhoso " A vida é breve, a alma é vasta"

Anónimo disse...

E todas as cartas de amor são ridículas.

Jad disse...

E se as cartas nunca tivessem existido como cartas? E tudo não passasse de mais recreação de Pessoa. É, sinceramente, o que eu sempre pensei e continuo a pensar, da chamada correspondência de FP versus Ofélia.