Prosimetron

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domingo, 9 de junho de 2013

Onde eu gostava de estar hoje? À Compiègne!

Abriu há dois dias, no Palácio Imperial de Compiègne, a exposição Folie Textile: Mode et décoration sous le Second Empire
Como Émile Zola escreve em Le bonheur des dames, o Segundo Império foi a era da folie textile (loucura têxtil): em todo o lado há coisas de lã, algodão, seda, linho ou cashmere, com arabescos em cores brilhantes, flores exóticas e  riscas.
Esta exposição destaca o turbilhão criativo e estético, que foi possível graças à Revolução Industrial e suas inovações técnicas e alterações sociais: com o advento da máquina de costura, das cores artificiais, da impressão em tecido e dos grandes estabelecimentos comerciais, as possibilidades decuplicaram.
Cadeiras, cortinas e telas, assim como chapéus, vestidos e crinolinas, pinturas e aguarelas testemunham a elegância e a arte de viver que influenciaram tanto a moda como decoração de interiores na França do século XIX.
Não me importava de estar hoje a visitar esta exposição, até porque não conheço Compiègne. :)
Nessa impossibilidade, vou dar uma voltinha pelo livro O paraíso das damas (Lisboa: Guimarães, 195-?), traduzido por Beldemónio.

«Era um armazém de modas à esquina da rua de Michodière e da rua Nova de Santo Agostinho - um armazém cujas exposições se destacavam em manchas vivas, naquele brando e pálido dia de outubro. [...]
«- Safa! - exclamou João - isto deixa Valognes a um canto... Lá o teu armazém não era tão bonito.
«Dionísia acenou com a cabeça. Vinha de passar dois anos no Corneille, o primeiro negociante de modas da cidade; e aquele armazém com que topava de súbito, aquela casa enorme para ela, enchia-lhe as medidas, retinha-a comovida, cheia de curiosidade, esquecida de tudo o mais. Na esquina que deitava para a praça de Gaillon, a porta alta, toda de cristais, chegava até à sobre-loja, por entre uma barafunda de ornatos, sobrecarregado de doirados. Duas figuras alegóricas - mulheres que sorriam de colo nu e cabeça recostada - desenrolavam a tabuleta: Ao Paraíso das Damas(p.5-6)
Extrato do filme inspirado no romance de Zola, realizado por Julien Duvivier, em 1930.

Se tiverem tempo, vejam este documentário sobre o aparecimento dos Grandes Armazéns, em Paris.