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domingo, 3 de novembro de 2013

Achado sensacional em Munique


A televisão estadual bávara e o semanário "Focus" noticiaram hoje um achado verdadeiramente impressionante: a polícia alfandegária bávara localizou há dois anos, num andar de um prédio no bairro Schwabing de Munique, cerca de 1.500 obras de pintores modernos, entre eles, Pablo Picasso, Henri Matisse, Marc Chagall, Emil Nolde, Franz Marc, Max Beckmann e Max Liebermann. Focus adianta tratar-se de um acervo cujo valor poderá ascender a 1 bilião de euros. Das obras já identificadas, sensivelmente 200 foram reclamadas por antigos proprietários ao longo das últimas décadas, cerca de 300 integraram o conjunto de peças artísticas, consideradas "degeneradas" e exibidas pela última vez ao público na mal-afortunada exposição nazi "Entartete Kunst" na capital da Baviera em 1937 (primeira imagem).
O andar, de acordo com informações da estação televisiva e do semanário, pertence a Cornelius Gurlitt, de oitenta anos, e filho do conhecido historiador de arte Hildebrand Gurlitt (segunda imagem). Hildebrand Gurlitt, o primeiro director do Museu de Zwickau, adquirira vários quadros nos anos 20. O seu empenho a favor da arte moderna e a sua ascendência não "integralmente ariana" custaram-lhe a posição de direcção. Mandatado pelo Ministério de Propaganda de Goebbels, vendeu peças de autores proibidos ao estrangeiro, encaixando divisas para o Reich. Gurlitt terá aproveitado esta oportunidade para guardar parte das telas confiscadas ou para alienar algumas a colecionadores alemães.
No período pós-guerra, Gurlitt justificava o desaparecimento deste tesouro com a destruição ocorrida durante bombardeamentos em Dresden. Mas tudo indica que seu filho escondeu esta maravilha durante mais de cinco décadas em Schwabing. Entretanto, Cornelius desfez-se de alguns quadros para seu sustento... 

4 comentários:

ana disse...

Uma boa notícia, pois as obras apareceram, e um relato interessante.
Boa noite. :))

LUIS BARATA disse...

Li no Público, e é realmente uma história que dava um filme... Espero que dê muita satisfação aos proprietários ( ou seus descendentes... ) e uma grande exposição.

MR disse...

E durante dois anos estiveram muito caladinhos.
A maioria destas obras (da "arte degenerada") foram confiscadas pelos nazis a colecionadores e marchands e vendidas pelos mesmos a preço de saldo, sabendo as pessoas que as compravam a sua proveniência.
Acabei de ler há pouco a biografia de Paul Rosenberg, feita pela neta Anne Sinclair, onde isso está muito bem contado.

MR disse...

Paul Rosenberg promoveu uma campanha para que tais obras não fossem compradas, mesmo que viessem a ser destruídas, dado o fim a que se destinava o dinheiro.