Prosimetron

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quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Lá fora - 185





Uma pequena exposição, e também gosto delas assim, patente na Malmaison e que tenho pena de não ver. É a reconstrução do que foi a vida de Napoleão e Josefina na sua primeira casa, o palacete da rue de Chantereine ( depois rue de la Victoire, quando começaram as vitórias de Napoleão... ) e o seu precioso recheio. Trata-se realmente de um pequeno palacete ( 280 metros quadrados habitáveis ) construído no último quartel do século XVIII, dois pisos e telhado de ardósia com desenho do arquitecto Perrard de Montreuil, e que pertence no final do século XIX à bailarina Julie Careau, separada já do marido o famoso actor Talma. Josefina, já viúva do general-visconde de Beauharnais e recém libertada da prisão onde estava condenada à morte, um dos milhares salvos pela morte de Robespierre, nada tem devido ao sequestro dos seus bens e aluga a casa de Julie.
Começa uma nova época de ouro na vida desta casa, com Josefina a mobilá-lo com o melhor que havia de pintura e mobiliário e novidades tão interessantes como o seu quarto de dormir com as paredes cheias de espelhos... Tudo pago, ou emprestado, pelo seu amante Barras, um dos homens fortes do Directório.
É numa das festas dadas por Josefina que a dona da casa conhece um jovem general chamado Napoleão Bonaparte, oriundo da provinciana Córsega, deslumbrado pelo fausto de Paris e pelos encantos da viúva Beauharnais ( que ele julga muito rica dada a casa... ).  Bonaparte e Josefina casam a 9 de Março de 1796, e instalam-se em casa dela, que se torna rapidamente uma casa de conspirações ( desde logo o golpe de estado do 18 de Brumário que acaba com o regime do Directório ) . O resto é sabido : Bonaparte vai ganhando batalha atrás de batalha, tanto assim que a rua muda de nome para rue de la Victoire, e passa de cônsul a Primeiro Cônsul e depois Imperador.
O palacete torna-se pequeno naturalmente, e passa a ser uma residência de outros Bonaparte, depois de uns primos de Josefina, até que Napoleão, sempre generoso, o oferece a um dos seus amigos e generais mais leais : o jovem coronel, depois general, Lefebvre-Desnouettes. Mas o mobiliário e as obras de arte mais preciosas são retiradas para residências de Estado : Tulherias, Rambouillet e para as reservas do Mobilier Impérial  ( e são estas peças que estão agora expostas na Malmaison ).
O fim do Primeiro Império traz a desgraça do novo dono da casa, que morre afogado quando ia a caminho do exílio para os EUA. A sua viúva vê-se forçada a alugar a casa, que se torna primeiro um estabelecimento hidrotermal, as Néothermes, e depois um colégio interno para rapazes, até que é vendida em 1857 ao promotor imobiliário Joseph Goubie, um dos que faz fortuna com a nova Paris querida por outro imperador, Napoleão III, sobrinho de Napoleão e neto de Josefina. O palacete é demolido, a rua de Chantereine desaparece para dar lugar à actual rua de Châteaudun. Sobram as maquetes, as plantas, as reconstruções virtuais, e o catálogo.

Josephine et Napoléon, l' hôtel de la rue Chantereine, até 6 de Janeiro no Musée National des Châteaux de Malmaison et de Bois-Préau.