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quarta-feira, 7 de maio de 2014

Portinari no Grand Palais

Executados como um presente do Brasil para a sede da ONU, em Nova York, os painéis Guerra e Paz, de Cândido Portinari, são exibidos em Paris pela primeira vez, a partir desta quarta-feira (7). O local escolhido para acolher as obras, cada uma com 14 metros de altura por 10 metros de largura, foi o Salão de Honra do Grand Palais. 


Guerra e Paz são acompanhados por 37 estudos preparatórios para que o público acompanhe a criação de uma das obras-primas do modernismo no Brasil. Os painéis (óleo sobre compensado naval) foram o último trabalho monumental de Portinari (1903-1962), que, já contaminado por metais pesados de tintas da época, desobedeceu ordens médicas e continuou a trabalhar no projeto. "Uma decisãopraticamente suicida", analisa o filho João Cândido, presidente do Projeto Portinari, ONG responsável pelo levantamento das obras do pintor.
Em 1950, o norueguês Trygve Lie, então Secretário Geral da ONU, fez um apelo a todos os países membros que doassem uma obra de arte à nova sede da ONU, em Nova York. O Brasil designou Cândido Portinari para a tarefa. O local designado para a instalação foi o hall de entrada da sala da Assembleia Geral, espaço mais importante da sede da ONU, mas fechado ao acesso do público.
Para que os brasileiros pudessem portanto conhecer os painéis antes da entrega, em 1957, eles foram expostos no Teatro Municipal do Rio no ano anterior. Diante do anúncio, em 2007, de uma extensa reforma do prédio da ONU, a guarda dos painéis foi confiada ao Projeto Portinari, de 2010 até o final de 2014.
Em 2010, Guerra e Paz voltaram primeiramente ao Teatro Municipal do Rio de Janeiro, recebendo 40 mil pessoas em 12 dias de exposição. A seguir, o Projeto Portinari montou, de fevereiro a maio de 2011, um ateliê no Salão de Exposições do Palácio Gustavo Capanema, para o restauro, aberto à visitação pública.




Candido Portinari nasceu numa fazenda de café perto de Brodowski, interior de São Paulo, filho de imigrantes italianos. Ainda adolescente, se muda para o Rio com amigos da família, para estudar no Liceu de Artes e Ofícios, seguindo também cursos na Escola Nacional de Belas Artes. Seguem-se exposições, prêmios e uma viagem a Paris.
Sua afiliação ao PCB criou vários momentos de perseguição pelos governos militares brasileiros. Em 1953, uma hemorragia intestinal revelou a intoxicação por tintas contendo metais pesados como o chumbo, cadmio e prata. Portinari continuou trabalhando extensamente, até a morte em 1962.

Patrícia Moribe
RFI português
 

3 comentários:

ana disse...

Gostaria muito de ver estes painéis.
Boa noite!:))

MR disse...

Idem. :)

LUIS BARATA disse...

Idem, pois claro ! :)