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segunda-feira, 28 de julho de 2008

Jakob Fugger ou a arte de eleger um imperador

A bela cidade de Augsburg (Baviera) foi um dos centros económicos e políticos mais significativos da Europa do século XVI. Várias foram as famílias desta cidade que geraram riqueza através do comércio de tecidos e especiarias, abrindo delegações nas principais metrópoles europeias da época, entre elas, em Lisboa.
Os Welser e os Fugger são, seguramente, os empreendedores mais ilustres de Augsburg. Da longa história dos Fugger destaca-se Jakob Fugger. Foi muito mais do que um homem de negócios bem sucedido. A ele, Augsburg deve o período dourado da sua história. E a ele, o Ocidente deve o seu último imperador universal.

12 de Janeiro de 1519. Morre Maximiliano I., imperador do Sacro Império Romano de Nação Germânica. Sua sucessão é disputada entre Francisco I de França e o neto de Maximiliano, Carlos, de 18 anos e filho de Filipe de Habsburgo, o Belo, e de Joana de Castela (a Louca).

Os príncipes eleitores alemães, em constante receio de perder os seus privilégios a um soberano poderoso, apoiam Francisco I. O monarca francês entra em competição, pois o seu rival de Habsburgo orgulha-se de ter Espanha, Nápoles, os Países Baixos e a Borgonha já sob o seu domínio. Ser ainda o novo imperador significaria, para Carlos, um poder inimaginável de dimensão europeia e global, tendo em conta as colónias sul-americanas pertencentes a Espanha.

Francisco I pode contar com a bênção papal de Leão X. Os agentes franceses prometem fortunas de ouro aos príncipes alemães, caso estes mantenham a sua preferência pelo rei de França.

Mas Jakob Fugger, parceiro de negócios de Maximiliano I, entra em cena. Dada a sua boa relação de confiança com a casa de Habsburgo, concentra todos os esforços na continuidade desta linha. E Fugger não só promete, como oferece de facto compensações financeiras bem mais “atractivas” a quem se decida a favor de Carlos: 852.000 ducados serão o prémio que os príncipes alemães podem auferir ao tomar o voto “certo”. 544.000 ducados são da autoria do próprio Fugger, 143.000 são financiados pelos Welser e o resto é emprestado por banqueiros italianos.

Uma quantia enorme, mesmo para Carlos em caso de vitória. No entanto, a perspectiva de um império vale bem este esforço de tesouraria (as condições do reembolso do empréstimo, remunerado a uma taxa de juro interessante aos olhos de Fugger, são previamente fixadas e acordadas).

E assim, a 28 de Junho de 1519, é eleito o novo imperador em Frankfurt: Carlos V, o último imperador universal por intercessão do primeiro capitalista da Modernidade.

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