Prosimetron

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sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Pola Negri

Pola Negri – um nome, um mito. O fascínio à volta de Pola Negri é o fascínio por uma época do cinema única, longínqua, quase irreal. “We didn’t need dialogue! We had faces!”, magníficas são estas palavras que Gloria Swanson deixou à posteridade em Sunset Boulevard e que exprimem a grandeza de nomes como o de Negri. Com Pola Negri, revemos Valentino e Chaplin, com Pola Negri revivemos Reinhardt ou Lubitsch. Com Pola Negri, voltamos às raízes da nossa paixão pela Sétima Arte.

Barbara Appolonia Chalupiec nasce em Lipno (Polónia), a 31 de Dezembro 1894. Filha de um húngaro de origem cigana e de uma polaca, inicia aulas de ballet aos catorze anos. Mas o destino é-lhe pouco benevolente: o pai morre em prisão na Sibéria. Barbara escapa à tuberculose e vive, juntamente com a sua mãe, a miséria de milhões desafortunados durante a Primeira Guerra Mundial. Interrompe o ballet. Com as escassas poupanças conseguidas pela mãe, ingressa na Academia de Artes Dramáticas de Varsóvia. Tem os seus primeiros êxitos em palco e no cinema polaco (Slave of Sin, a título de exemplo). Adopta o nome Pola Negri em homenagem à sua poetisa favorita, a italiana Ada Negri.

As biografias divergem sobre quem terá descoberto Pola Negri: o realizador polaco Ordynsky ou, mais provavelmente, Max Reinhardt (com quem Ordynsky realizou vários trabalhos). Reinhardt, génio sublime do teatro, convida Pola para o papel principal na peça de pantomimas Sumurun que, aliás, viria a ser adaptada a filme em 1920 com Negri sob a direcção de Ernst Lubitsch.

Com o fim da Primeira Guerra Mundial, Negri muda-se para a Alemanha. Estamos em 1918 e no início dos anos de ouro do cinema alemão. À semelhança de Asta Nielsen ou Henny Porten, Pola Negri ascende ao estrelato da Ufa sob a égide de Ernst Lubitsch. Die Augen der Mumie Ma, Carmen e Madame Dubarry, da autoria do grande mestre, lançam Pola Negri para o egrégio Olimpo dos deuses do cinema mudo. Sob Lubitsch, seguem-se Anna Boleyn ao lado de Emil Jannings como Henrique VIII , Die Bergkatze ou Die Flamme.

No auge da sua carreira, Negri aceita o convite da Paramount em 1922. Para se tornar rival de Gloria Swanson? Talvez os estúdios a procurem com esse objectivo. Pola é a primeira artista europeia a ser requisitada por Hollywood, antes de Greta Garbo ou Marlene Dietrich. Nos Estados Unidos, Negri cumpre todos os clichés das divas da época: cachets inimagináveis, luxúria, e, claro, os romances com Charles Chaplin e Rudolph Valentino, cuja morte Negri chora de forma teatral e dramática culminando num desmaio sobre o caixão do actor (segundo dizem…).

O percurso profissional passa por The Spanish Dancer (1923) de Herbert Brenon e Forbidden Paradise (1924) em que Negri, sob Lubitsch novamente, encarna Catarina a Grande. De referir ainda A Woman of the World (1925) de Malcolm St. Clair e Hotel Imperial (1927) de Mauritz Stiller, considerado por críticos o melhor filme de Negri.

A partir daí, os tempos mudam. O forte sotaque polaco de Negri soa pouco agradável aos microfones que revolucionam o cinema.
Regressa à Alemanha onde tenta retomar o sucesso de outras eras. A Ufa contrata-a para películas como Mazurka (1935), cujo remake nos Estados Unidos, dois anos mais tarde, contava com Kay Francis como leading woman. Em Mazurka, como noutros filmes realizados nos anos 30, Negri afirma-se como cantora, algumas canções são gravadas em alemão e inglês.
No entanto, as preferências do público e o contexto político-social dos anos 30 na Europa são pouco favoráveis a Negri que, completamente penniless, regressa aos Estados Unidos em 1938.

As únicas aparições cinematográficas mostram-nos Negri em Hi Diddle Diddle (1943) e The Moonspinners (Disney, 1964). Billy Wilder terá proposto o papel de Norma Desmond em Sunset Boulevard a Negri que, por sua vez, terá declinado o convite recusando-se a interpretar uma ex-vedeta do cinema mudo…Gloria Swanson foi mais inteligente ao aceitar este papel.
A partir da década de 50, exerce com sucesso a actividade de corretora imobiliária.

Negri foi casada duas vezes: com o conde polaco Eugene Dombski e o príncipe Sergej Mdivani da Geórgia (há quem continue a contestar a legitimidade do título aristocrático) que teve a amabilidade de abandonar a actriz em 1929, depois de fortunas perdidas no grande Crash de 1929.

Pola Negri morreu a 1 de Agosto de 1987 em San Antonio (Texas).

1 comentário:

Anónimo disse...

ESSAS MULHERES ERAM DE MATAR, TAMANHA BELEZA !!!!!!!!