Prosimetron

Prosimetron

sábado, 24 de abril de 2010

"Délicatesse", um afecto que aprecio.

Esta crónica foi escrita por João Bénard da Costa a lembrar um amigo, Fernando Azevedo. A palavra délicatesse para recordar o amigo tornou este pedaço de prosa um pensamento a reter.

Fernando Azevedo, Fotografia retirada do livro que está referenciado.

"Ninguém deu mais e melhor a ver (o que eu aprendi com ele, quando orientava as visitas guiadas às exposições da Gulbenkian), ninguém escreveu melhor sobre os melhores e mais novos, ninguém organizou ou promoveu mais exposições individuais de artistas, mais monografias de pintores. Morreu sem que se tenha feito uma grande retrospectiva sobre a sua obra, sem que exista um só volume consagrado a ele. Ninguém fez mais pelos outros. Sobre ninguém, com o tamanho dele, se fez tão pouco. nunca o ouvi queixar-se.
Mas não era modéstia não. Pensando mais, pensando melhor, a única palavra que me ocorre é délicatesse, no sentido de Rimbaud no verso célebre. «Par délicatesse/j'ai perdu ma vie»."

João Bénard da Costa, Crónicas: Imagens Proféticas e Outras, Lisboa: Assírio & Alvim, 2010, p. 53

Chanson de la plus haute tour

Oisive jeunesse
A tout asservie,
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah ! Que le temps vienne
Où les coeurs s'éprennent.

Je me suis dit : laisse,
Et qu'on ne te voie :
Et sans la promesse
De plus hautes joies.
Que rien ne t'arrête,
Auguste retraite.

J'ai tant fait patience
Qu'à jamais j'oublie ;
Craintes et souffrances
Aux cieux sont parties.
Et la soif malsaine
Obscurcit mes veines.

Ainsi la prairie
A l'oubli livrée,
Grandie, et fleurie
D'encens et d'ivraies
Au bourdon farouche
De cent sales mouches.

Ah ! Mille veuvages
De la si pauvre âme
Qui n'a que l'image
De la Notre-Dame !
Est-ce que l'on prie
La Vierge Marie ?

Oisive jeunesse
A tout asservie,
Par délicatesse
J'ai perdu ma vie.
Ah ! Que le temps vienne
Où les coeurs s'éprennent !

Arthur Rimbaud

Nota - Alterei o post às 19;10h porque dei voltas e voltas e não consegui descobrir, com a certeza absoluta, um quadro de Fernando de Azevedo. Vou ter que arranjar um livro sobre ele.

Sem comentários: