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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Roberto C. Duque de Moraes

"Num país onde qualquer obscuro jogador de futebol que vai dar uns chutos para um clube romeno ou eslovaco, ou qualquer treinador manhoso que vai orientar a selecção do Turcomenistão ou do Suriname, é transformado em figura nacionalmente relevante e merecedora da mais enlevada atenção dos media, passam muitas vezes despercebidas as pessoas realmente excepcionais, que fizeram coisas únicas.
Uma delas foi Roberto de Moraes, jornalista, tradutor e especialista em história militar e da Europa, falecido em Lisboa, a 17 de Dezembro, aos 71 anos. Trabalhou em O Século, Vida Mundial e A Nação, bem como na RTP, tendo deixado colaboração espalhada por vários outros títulos nacionais e estrangeiros, e publicações militares.
Roberto de Moraes ficará para a história do jornalismo nacional, por ter sido o único português a ter entrevistado o escritor Ernst Jünger, por várias vezes, beneficiando da sua profunda ligação à cultura germânica e do seu conhecimento da literatura europeia, em especial a alemã, a francesa e a inglesa.
A primeira dessas longas entrevistas com o autor de Sobre as Falésias de Mármore e A Guerra como Experiência Interior, deu-se a 27 de Maio de 1973, na casa de Jünger, em Wilflingen, na Suábia, e foi publicada, sob o título Ernst Jünger: O Mago da Floresta Negra, na Vida Mundial, em 1976, com destaque de capa.
É um documento único que fez com que Roberto de Moraes seja o único português mencionado por aquele gigante das letras no seu diário. Na hora da sua morte, aqui fica a homenagem, a evocação e o orgulho de o ter conhecido e de lhe ter chamado amigo
. "

Eurico de Barros, Diário de Notícias, O português que entrevistou Jünger, 8 de Janeiro de 2011

4 comentários:

ana disse...

Gostei deste poste. É verdade dá-se relevância a jogadores, a pessoas que nada construíram e fazem-se delas vedetas. As pessoas que verdadeiramente constróiem algo ficam na sombra e são relembrados por poucos.
Não conheço a entrevista mas gostei do título.
Obrigada, Filipe!

Anónimo disse...

Não será "constroem"?

ana disse...

É sim, constroem!

LUIS BARATA disse...

E quem lê Junger?- O problema começa por aqui. Pelo que é promovido, pelo que é lido, pelo que "aparece" nos media.