Prosimetron

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terça-feira, 29 de março de 2011

Citações - 159


(...) Foi uma história de família inacreditável. Não se sabe como, o meu bisavô materno Ribeira, um camponês e tanoeiro pobre, era um homem letrado. Lia e escrevia, pôs os filhos todos na escola ( à exceção da minha avó que aprendeu com o pai ) e construiu uma pequena biblioteca.

Quando o meu bisavô morreu, relativamente jovem, a minha bisavó- que tinha passado fome e que achava que cada livro que entrava em casa era um pedaço de pão roubado aos filhos- fez uma fogueira à porta de casa com os livros. E foi a minha avó que apanhou parte dos livros dessa fogueira e os guardou dentro de uma caixa. Passaram quase cinquenta anos. Eu era uma criança irrequieta, muito sozinha, sem vizinhos nem irmãos. E, a certa altura, a minha avó deu-me essa caixa de livros do seu pai. (...) Nessa caixa, havia livros sobre como medir os terrenos, sobre agricultura, geografia, História de Portugal... E livrinhos que se vendiam porta a porta como o João de Calais e a Princesa Magalona...


- Lídia Jorge, em entrevista à Visão.

5 comentários:

Miss Tolstoi disse...

Com este novo visual até pensei que me tinah enganado no blogue. :)

LUIS BARATA disse...

Foi a chuva que borrou a página :)

MR disse...

Mas que surpresa!

MR disse...

Com passarinhos e tudo. São as andorinhas da Primavera?

ana disse...

Adorei a história de Lídia Jorge!
:)