Prosimetron

Prosimetron

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Excertos da Carta Aberta aos Finlandeses

Encontrei por bem contar aqui os pormenores de uma história que, por muito que pareça pertencer ao passado, tão facilmente nos lembra a todos das travessuras partidas de que a História é capaz de pregar. (...) O local foi Lisboa, e o ano, 1940, mais concretamente o trigésimo nono dia após o final da primeira e heróica guerra combatida pelo perseverante povo Finlandês contra a tentativa estrangeira de apagar a vossa pequena nação do mapa dos países livres e independentes da Europa. A Guerra do Inverno n qual a Finlândia contariamente ao que todos julgavam poder ser possível derrotou o bolchevismo, o imperialismo russo, teve na altura um impacto muito maior do que o que julga hoje a maior parte dos finlandeses. Os gritos de sofrimento e os horrores da primeira guerra Russo-Finlandesa e os terríveis sacrifícios impostos ao vosso pequeno país, comoveu e tocou o coração do povo Português no outro longínquo canto deste velho continente chamado Europa. (...) a ânsi de ajudar a Finlândia rapidamente emergiu entre os portugueses, tão orgulhosos que são hoje qunto orgulhosos eram antão dos valores da independência e da nacionalidade. (...)Os Portugueses eram nesses tempos quase todos invariavelmente pobres, analfabetos, oprimidos e infelizes, mas também trabalhadores, honestos, orgulhosos, unidos e cheios de compaixão, mobilizados em solidariedde para oferecerem o que mais pequenino conseguiam repescar para ajudarem o necessitado e desesperado povo Finlandês. (...) agricultores, operários e estudantes, pais e mães, que aos milhões talvez possuíssem não mais do que apenas três mudas de roupa, ofereceram os para si mais modestos e preciosos bens que, mal grado a penúria, conseguiram prescrever como dispensáveis: cobertures, casacões, sapatos, e para os mais felizardos sacos de trigo e quilos de arroz cultivados a mão nas lezírias e terras baixas dos rios portugueses. As ofertas foram recolhidas por escolas e igrejas do norte e do sul, e embarcadas para Helsínquia com a autorização prévia da Alemanha Nazi e Aliados. Num extraordinário gesto de gratidão, o Sr. George Winekelmann, que era o então representante diplomático da Finlândia em Lisboa e Madrid, publicou um apontamento na primeira página do prestigioso jornal "Diário de Notícias" para agradecer ao povo Português a ajuda e assistência prestadas à Finlândia no mais difícil de todos os inconsoláveis tempos. O bem-haja a Portugal foi publicado no vigésimo primeiro dia de Abril de 1940, há 70 anos.
(...) Por mais corrupta que a sua elite se comporte, por mais desgovernado que o seu país ande, e por mais caloteiro que o seu Estado seja, os homens e mulheres comuns de Portugal, filhos e filhas e netos e netas daqueles que viviam há 70 anos atrás, sentem-se e são reféns e vítimas inocentes de uma Guerra financeira que viram ser-lhes declarada contra os seus bolsos e carteiras, e que ameaça as suas honestas e modestas poupanças.Mas não obstante confrontados nos agora tempos de hoje, em aparente insolvênci e nas mais sozinhas de todas as suas horas, com o desespero e adversidade, eu estou confiante e seguro de que os Portugueses de hoje, mães e pais, agricultores, trabalhadores, padres e estudantes, e até mesmo crianças, de lés e lés naquele país se elevariam da consciência, a fim de mostrar os seus mais sinceros e genuínos sentimentos de nacionalismo e humildade para ajudarem e confortarem a Finlândia e o povo finlandês, se alguma outra vez cataclismo ou desastre batesse à porta da Finlândia e iluminasse a ideia oscura da extinção da heróica nação Finlandesa, tal como aconteceu há sete décadas passadas. Todos nós podemos aprender com as pequenas e genuínas lições dos tempos que lá vão.
Hélder Fernandes, Correspondente da TSF

Se, por enquanto, a classe política da Finlândia ainda não reagiu a estas palavras, dois diplomatas portugueses estacionados no Norte da Europa já telefonaram ao autor da crónica para o felicitar.

Sem comentários: