Prosimetron

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quinta-feira, 25 de julho de 2013

Roseira Verde

Edward Burne-Jones, O príncipe entra no bosque (roseiral silvestre)

Museu de Arte de Ponce, Porto Rico


Roseira Verde

Tenho uma roseira verde
que dá rosas todo o ano.
A cada rosa que nasce
o meu rosto sofre dano.
No canto da minha cela
tenho uma roseira verde.

E sou eu próprio que rego
essa roseira mortal.
Nos passos da minha vida
ela sobe cresce cresce
da roseira é roseiral.

À medida que ela sobe
sou eu que me vou murchando.
Primeiro contava as rosas
de lindas rosas vermelhas
ia o meu corpo enfeitando.

Agora passo por elas
fujo ao seu aroma forte.
E se às vezes rio brinco
outras diviso entre as rosas
a própria face da morte.

Roseira Dona Roseira
não me contes os meus anos.
A cada rosa que nasce
brotam pétalas de esperança
murcham os meus desenganos.

Escrito em 1962. [Obrigada MR]

António Borges Coelho, no mar oceano. Lisboa: Editorial Caminho, 1981, p. 22.

5 comentários:

Cláudia Ribeiro disse...

Lindíssimo poema e o quadro é genial!

Bonito post.

Um beijinho.:))

MR disse...

Um poema de 1962, provavelmente escrito em Peniche.

Isabel disse...

Gostei muito do conjunto!
Boa noite para todas as senhoras: Cláudia, MR e Ana.

ana disse...

Cláudia,
Obrigada. Gostei particularmente deste que foi o primeiro que li quando abri o livro ao acaso. Obrigada por mo ter reservado. :)

Obrigada MR,
No livro não refere a data e realmente pode ter sido escrito em Peniche. Vou colocar a data.:)

Isabel,
Obrigada. :)

Beijinho para todas.

ana disse...

Cláudia,
Esqueci-me de lhe dizer que a escolha da tela foi propositada pois, para mim, personifica o cavaleiro que combate pelos seus ideais, a luta pela liberdade, neste caso. :)
Bj.