Prosimetron

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sábado, 3 de agosto de 2013

Leituras na praia I

Axel Munthe através de O Livro de San Michele acompanhou-me numa estadia na praia. De Capri e da sua casa guardo boas recordações. Não tenho fotografias da casa apenas as memórias. 
Boa noite. :)
Olhos de Água
Nenhum dos vários historiógrafos de Tibério, alguns dos quais seus contemporâneos, com a possibilidade de recolher todos os rumores das más-línguas de Roma, faz a menor alusão às orgias de Capri. Filon, o judeu piedoso e erudito, fala da vida pura e simples que Calígula tinha de levar quando vinha a Capri visitar o seu pai adoptivo. (…) Séneca, o flagelador do vício e Plínio – ambos seus contemporâneos – falam da austera solidão de Tibério em Capri. (…) O próprio Juvenal, tão amador do escândalo, fala na tranquila velhice do Imperador, na sua ilha, rodeado de amigos sábios e dos seus astrónomos. Plutarco, o severo defensor da moral, fala da solidão desse digno velho durante os últimos dez anos da sua vida. Já Voltaire havia compreendido que a história das orgias de Capri era absolutamente inadmissível. Tibério tinha sessenta e oito anos quando se retirou para Capri, depois de uma existência de uma moralidade perfeita, no dizer dos seus próprios inimigos. (…) A sua vida na ilha foi a de um velho solitário, monarca fatigado de um mundo ingrato, idealista, taciturno e amargo (um hipocondríaco, diríamos talvez hoje); mas a sua magnífica inteligência e o seu sentido de humor sobreviveram à sua fé na Humanidade.

Axel Munthe, O Livro de San Michele. Lisboa: Edição Livros do Brasil, XII edição, s.d. (tradução de Jaime Cortesão), p. 303   

4 comentários:

MR disse...

Tenho uma vaguíssima ideia deste livro que li este livro há imensos anos.

Isabel disse...

Linda foto!

ana disse...

MR,
Há uns tempos, quando fui a Capri comecei a lê-lo mas não passei das primeiras páginas, nem sei porquê.
É interessante.
Boa tarde!:))

ana disse...

Obrigada Isabel, :)))