Prosimetron

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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Poemas - 87



Chove mais uma vez

chove mais uma vez
oiço lá fora o barulho da água a correr nas caleiras
a espalhar-se nos passeios de cimento
estou na sala da casa da 
minha avó
passo a ponta dos dedos pela gravura
japonesa da tampa da 
caixa de costura
há um único livro
a velhice do padre eterno
os versos do meu pai em folhas quase
transparentes

chove mais uma vez
a infância é um pássaro aceso nos ramos das árvores
um território de meteoros incendiados
numa bacia de plástico
com água 
da chuva


- José Carlos Barros ( 1963- ), in Rumor, 2011.

1 comentário:

Jad disse...

Por aqui não chove... Bom dia