Prosimetron

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domingo, 31 de agosto de 2014

Viagem a Monserrate

A visita ao Palácio de Monserrate foi motivada pela exposição: Uma história de jardins. A sua arte na tratadística e na literatura que esteve patente na Biblioteca Nacional de Portugal, já aqui focada por vários prosimetronistas. Na exposição vi um filme com imagens de Monserrate, que me levou a visitar e viajar pelo romantismo em Portugal. 
A Quinta da Boa Vista, como inicialmente se chamava Monserrate, pertencia ao Hospital Real de Todos os Santos inaugurado por D. Manuel I (1508). Em 1606 a quinta de Monserrate* foi alugada pela família Castro Melo que a adquiriu em 1718. Caetano Melo e Castro tinha sido vice-rei na Índia, onde tinha negócios e onde vivia, acabaria por arrendar a propriedade a Gerard de Visme em 1790. Este começou as obras da casa em estilo neogótico, porém, dois anos depois subarrendou-a a William Beckford (1790) até ao ano de 1808. Não se sabe bem a quem se ficou a dever as obras.
Monserrate foi uma fonte de inspiração para William Beckford, pois parece ter sido na quinta que escreveu uma das suas obras de vulto, Vatheck, que infelizmente nunca li. Todavia, com as invasões francesas Beckford deixou Monserrate, esta "terá inclusivamente sido ocupada durante algum tempo pelas tropas francesas".  A casa ficou abandonada e parte em ruína quando foi arrendada pelo casal Francis e Emily Cook, adquirindo-a à família Melo em 1856.
Palácio de Monserrate

A construção do que hoje se encontra foi feita pela família Cook e pelo arquitecto James Knowles (pai); a sua passagem por Itália e o gosto por John Ruskin (desenhador e crítico de arte) mestre de várias gerações de artistas vitorianos, caracterizam a presente construção. De Itália note-se especialmente as janelas (sobrepozição das molduras dos dois pisos das Loggie do Palácio ducal de Veneza). O orientalismo "é sugerido pelos telhados com pequena inclinação, alguns dos quais circulares, pelos elementos decorativos dos pináculos, que lembram stupas, monumentos budistas existentes nos Himalaias (que supostamente acumulam energias positivas), pelo rendilhado dos arcos do pórtico sobre o relvado e por azulejos de várias proveniências entre as quais iznik (Turquia)". Os elementos decorativos dos átrios e corredores são elementos mais orientais do que góticos. "Os estuques são a marca mais portuguesa da casa pois foram executados por artesãos de Afife, sendo um dos padrões escolhidos semelhante a um dos existentes no Alhambra de Granada".
As informações foram baseadas na brochura: Parque e Palácio de Monserrate, Guia Oficial. Sintra: Parques de Sintra - Monte da Lua SA e Scala Publishers, 2011. 
Sala da Música
Tecto da Sala da Música, madeira e estuque

























A biblioteca da família Wook, hoje tem nas prateleiras Diários da República, na sua maioria. Retratos da família Wook.                                                                           O jardim através da janela


Em cima a cozinha, em baixo a biblioteca.

Em Monserrate encontrei escritores como: Lord Byron que visitou Sintra em 1809; William Becford, arrendatário e autor da Cascata no jardim; Thomas Cargill, médico e escritor, amigo dos Cook e John Ruskin (ensaísta, desenhador), autor de uma citação que encontrei na Wikipédia e que passo a registar porque a ligo com Monserrate:

"Está nas vossas mãos ver numa poça de água a lama do fundo ou a imagem do céu lá no alto". 

John Ruskin, in, Georges Chevrot, As pequenas virtudes do lar (em pt). São Paulo: Quadrante, 1990. p. 50.

* A origem do nome dado à Quinta da Boa Vista foi provavelmente trazida pelo padre Gaspar Preto quando regressou de uma peregrinação à abadia Beneditina de Montserrate, em 1540, na Catalunha. O padre pediu autorização ao Hospital para construir uma Capela onde actualmente se situa o palácio.

2 comentários:

MR disse...

Bela reportagem!
Boa tarde!

ana disse...

Obrigada, MR.
Boa tarde/noite. :))