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segunda-feira, 23 de março de 2015

«Poetas paranóicos» em expo na BNP


«Alguns rapazes, com muita mocidade e muito bom humor, publicaram, há dias, uma revista literária em Lisboa. Essa revista tinha apenas de notável a extravagância e a incoerência de algumas, senão de todas as suas composições. Como a recebeu a imprensa diária? Com o silêncio que merecia? Com as duas linhas indulgentes e discretas que é de uso consagrar às singularidades literárias de todos os moços? Não. A imprensa recebeu essa revista com artigos de duas colunas, - na primeira página. A imprensa fez a essa revista um tão extraordinário reclame, que a primeira edição esgotou-se e já se está a imprimir a segunda. Ora semelhante atitude está longe de ser inofensiva ou indiferente. Em primeiro lugar, consagra uma injustiça fundamental; em segundo lugar, favorece e prepara uma seleção invertida. Eu bem sei que o reclame a certas obras é às vezes feito à custa da veemente suspeita de alienação mental que pesa sobre os seus autores. Mas neste caso, como em outros muitos, é justo confessar que os loucos não são precisamente os poetas, mais ou menos extravagantes, que querem ser lidos, discutidos e comprados; quem não tem juízo, é quem os lê, quem os discute e e quem os compra.»
Assim se referia Júlio Dantas, num artigo intitulado «Poetas paranóicos», publicado na Ilustração Portuguesa (19 abr. 1915) ao aparecimento da revista Orpheu.

6 comentários:

APS disse...

Será que o manifesto "pim-pam-pum" terá sido feito (dito) antes, ou depois deste amável "relatório clínico"?
Bom dia!

MR disse...

É de junho de 1916.
Sim, depois de um texto destes o que é que o Dantas merecia? Só um manifesto pim pam pum. :))
BOM DIA!

ana disse...

Quero muito ver esta exposição.
Boa noite. :))

Isabel disse...

E a exposição vai ficar até quando?

Boa noite:)

MR disse...

Fica até 20 de junho.

Bom dia!

Isabel disse...

Obrigada:)
Boa noite:)