Prosimetron

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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

«Carta a Ângela»

Quando oiço «Palabras para Julia», lembro-me sempre de «Carta a Ângela», de Carlos de Oliveira. E a primeira vez que ouvi este poema foi na voz de Luís Cília.

CARTA A ÂNGELA

Para ti, meu amor, é cada sonho
de todas as palavras que escrever,
cada imagem de luz e de futuro,
cada dia dos dias que viver.

Os abismos das coisas quem os nega,
se em nós abertos inda em nós persistem?
Quantas vezes os versos que te dou
na água dos teus olhos é que existem!

Quantas vezes chorando te alcancei
e em lágrimas de sombra nos perdemos!
As mesmas que contigo regressei
ao ritmo da vida que escolhemos!

Mais humana da terra dos caminhos
e mais certa, dos erros cometidos,
foste de novo, e sempre, a mão da esperança
nos meus versos errantes e perdidos.

Transpondo os versos vieste à minha vida
e um rio abriu-se onde era areia e dor.
Porque chegaste à hora prometida
aqui te deixo tudo, meu amor!

Carlos de Oliveira

Luís Cília - «Carta a Ângela» (1967)


www.luiscilia.com

4 comentários:

Miss Tolstoi disse...

Um dos mais belos poemas de amor de língua portuguesa. Toda a gente gostaria de receber uma «carta» destas. Ou não?

João Mattos e Silva disse...

Um grande poeta! Cartas de amor, já todos recebemos e são bonitas porque são de amor. Mas em verso e tão belos come este, infelizmente nunca recebi.

Jad disse...

Não conhecia, é lindo!

Anónimo disse...

É lindo!
A.R.