Prosimetron

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sábado, 1 de novembro de 2008

Novembro com J.S.Bach

No hemisfério norte, o mês de Novembro de pouca “popularidade” goza. Vários serão os motivos, desde o tempo chuvoso e frio às reflexões profundas sobre o nosso ser nesta vida terrestre, em parte sugestionadas pelos feriados que o universo católico celebra. Numa perspectiva mais optimista - a que estas reflexões também podem conduzir -, talvez encontremos algum conforto na música, quer ligeira, quer clássica.

Como sugestão para uma meditação “bem sucedida” e não deprimente, fica o belíssimo Agnus Dei da Missa em Si Menor de Johann Sebastian Bach (BWV 232), aqui na magnífica interpretação de Andreas Scholl, acompanhado do coro e da orquestra Collegium Vocale sob a direcção de Philippe Herreweghe.

Na sua extensão bem como profundidade musical e emocional, esta obra equipara-se às oratórias da paixão (segundo S. João ou S. Mateus) ou à oratória de Natal. Bach iniciou a composição da Missa em Si Menor com o Sanctus em 1724. Seguiram-se o Kyrie e Gloria em 1733 que o compositor intitula como Missa Brevis de acordo com o ritual litúrgico protestante. Apenas em 1748/49, pouco antes do falecimento de Bach portanto, é concluída a obra que se torna então na Missa Solemnis.
A Missa em Si Menor representa, sob ponto de vista formal, uma ruptura com a tradição praticada na época: em vez dos cinco elementos constitutivos habituais, ou seja o Kyrie, Gloria, Credo, Sanctus e Agnus Dei, encontramos nesta missa uma repartição em quatro secções principais, por sua vez estruturadas em sub-secções:
1. Missa = Kyrie e Gloria; 2. Symbolum Nicenum = Credo; 3. Sanctus; 4. Osanna, Benedictus, Agnus Dei, Dona nobis pacem.

O conceito da Missa em Si Menor é de majestosidade e grandeza. Apenas os registos relacionados com a vida de Cristo reflectem uma abordagem mais íntima. A missa compõe-se de árias e andamentos corais, não existem recitativos. Bach recorre ainda a géneros musicais antigos, tais como ao canto gregoriano, integrando-os contudo em formas estilísticas modernas à luz do barroco, como por exemplo árias para soprano de coloratura em estilo italiano.
Apesar desta diversidade de elementos e não obstante o facto de a missa ter sido desenvolvida ao longo de mais de duas décadas, a Missa em Si Menor é um exemplo extraordinário de homogeneidade e de consistência.

O Agnus Dei - apenas um dos muitos testemunhos da genialidade de Johann Sebastian Bach. Para ouvir e meditar em silêncio absoluto…


3 comentários:

Miss Tolstoi disse...

Adoro Bach!
Danke schön!

Anónimo disse...

Sou uma amante de Bach!
Concordo consigo quando diz: "para ouvir e meditar em silêncio absoluto…"
A.R.

Anónimo disse...

Obrigada pelas suas palavras e pelo Bach.
Se gosta do fim do neoclassissismo e início do romantismo pode espreitar Goya,

Caprichos, "El sueño de la razon produce monstruos"
http://www.abcgallery.com/G/goya/goya-3.html
A.R.