Prosimetron

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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Pode ser um perigoso precedente

-Vermeer, A Arte da Pintura, 1662-1668, Kunsthistorisches Museum, Viena.

Esta tela do grande Vermeer era adorada por Adolf Hitler, e desde 1935 que Jaromir Czernin, então seu proprietário, era pressionado para a vender, tendo acabado por fazê-lo em 1940, com as pressões agravadas pelo facto de a sua mulher ter sangue judeu e poder eventualmente ser sujeita a um destino funesto. A tela está desde o fim da Segunda Guerra Mundial no fabuloso Kunsthistorisches de Viena.
Este Vermeer voltou à ribalta pelo facto de que os descendentes de Czernin o estão a reclamar.

Confesso que me sinto dividido: se de um lado estamos perante uma venda feita sob coacção, pelo outro estamos perante uma obra de arte que há seis décadas repousa tranquilamente num museu aberto ao público, e a verdade é que a obra, ao contrário de tantas outras, não foi confiscada mas sim adquirida. Desconheço se o preço de 1940 foi justo ou não, ou até se se pode falar de um preço justo naquelas circunstâncias, mas a verdade é que cedendo neste caso pode-se abrir a porta a uma avalanche de casos semelhantes, da própria Alemanha a vários outros países que estiveram ocupados.

6 comentários:

MR disse...

Esta tela estava agendada para os Auto-retrato(s). Vou mudar.
Eu também gosto desta tela - até estou com calafrios. E adoro Vermeer.

MR disse...

Terão sido coagidos a vendê-la? De qualquer modo, se está num museu nacional, esses descendentes deveriam deixá-la lá onde pode ser vista por toda a gente.

ana disse...

Vermeer é um dos meus pintores preferidos do século XVII, o melhor a trabalhar o claro/escuro, a sombra/luz e faz dos melhores interiores que eu conheço.

O problema que o Luís aqui trouxe pode abrir precedentes. Os frisos do Partenon estão no Museu Britânico... para não falar das peças egípcias, assírias e outras ...

Anónimo disse...

Os frisos do Parthenon é um caso diferente: foram objecto de saque por parte dos britânicos.
Também muitas peças portuguesas foram roubadas, aquando das invasões francesas, etc., etc.
M.

ana disse...

É verdade, neste caso é diferente, os frisos do Parthenon foram saqueados mas acaba por ir dar ao mesmo problema, de uma forma mais feia, claro!

Jad disse...

Quando se tem de vender normalmente esta-se coagido! Seja arte, seja um prédio, seja um livro.... Isto se não for isso a nossa profissão. Esta-se coagido pela falta de dinheiro ou pelo medo de se ficar sem esse valor! Quantos não foram coagidos a vender acções neste último ano para não perderem tudo! E agora que fazer? Vendeu, vendeu.
Julgo que se os frisos do Partenon tivessem ficado na Grécia hoje já tinham desaparecido.