Compor uma ópera trágica em Itália em 1830 significava uma novidade quase revolucionária. As óperas anteriores, concebidas no século XVIII, terminavam por norma com um happy end, pois destinavam-se exclusivamente aos membros da corte e à “glorificação” de virtudes reais. O desfecho trágico surgiu apenas na época (pós) napoleónica, em obras como Ecuba de Manfroce de 1812. Neste contexto, podemos considerar Anna Bolena como uma das primeiras óperas do género trágico.
A profundidade do drama culmina na scena ed aria finale em que a protagonista recorre à loucura para melhor suportar o seu sofrimento. A consciência de Anna dos factos que a rodeiam muda em cada minuto: se em determinado momento se apercebe da sua condição no Tower e aguarda a execução iminente, de seguida revive o passado em delírio e fantasia, como se de um espírito sonâmbulo e inconstante se tratasse. A componente de loucura poderá não corresponder aos acontecimentos históricos, serve, todavia, para consolidar a percepção de Anna Bolena como heroína infeliz, cuja morte equivale a um martírio exemplar. Lord Riccardo Percy exclama “Oh! Rio martir! “ (Oh! Cruel martírio!), e acresecenta “Delira”, juntamente com o irmão de Anna, Lord Rochefort.
A profundidade do drama culmina na scena ed aria finale em que a protagonista recorre à loucura para melhor suportar o seu sofrimento. A consciência de Anna dos factos que a rodeiam muda em cada minuto: se em determinado momento se apercebe da sua condição no Tower e aguarda a execução iminente, de seguida revive o passado em delírio e fantasia, como se de um espírito sonâmbulo e inconstante se tratasse. A componente de loucura poderá não corresponder aos acontecimentos históricos, serve, todavia, para consolidar a percepção de Anna Bolena como heroína infeliz, cuja morte equivale a um martírio exemplar. Lord Riccardo Percy exclama “Oh! Rio martir! “ (Oh! Cruel martírio!), e acresecenta “Delira”, juntamente com o irmão de Anna, Lord Rochefort.
O sucesso de Anna Bolena ao longo do século XIX dependia naturalmente também da qualidade das interpretações. Giuditta Pasta e Giovanni Battista Rubini encarnaram os personagens principais em várias produções e levaram a ópera ao Haymarket Theatre de Londres e ao Théâtre Italien de Paris em 1831, onde o público tomou pela primeira vez conhecimento da existência de Gaetano Donizetti. O S. Carlos de Lisboa acolheu Anna Bolena em 1834 (desconheço os intérpretes).
A partir de 1880, esta tragédia lírica sofreu o mesmo destino de outras composições operáticas da primeira metade do século: caiu em esquecimento.
A primeira encenação de Anna Bolena no século passado realizou-se em Bergamo, cidade natal de Donizetti, em 1956. A verdadeira Renaissance desta ópera deveu-se à interpretação memorável e lendária de Maria Callas na temporada de 1957/58 do Scala de Milão, acompanhada de Gianni Raimondi.
Outro registo notável data de 1987, na voz de Joan Sutherland, ao lado do Welsh National Opera Chorus and Orchestra. A soprano australiana contava 61 anos de idade e 28 anos de carreira após a sua saudosa estreia internacional no Covent Garden noutra obra prima do nosso compositor em destaque – Lucia di Lammermoor.
Fonte: Jeremy Commons/programação da ópera de Frankfurt a. M.;
Imagens: Tower de Londres; capela de St. Peter ad Vincula (St. Peter in Chains) no Tower de Londres; Maria Callas, Scala de Milão
1 comentário:
Estou a seguir com interesse!
Obrigada.
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