Prosimetron

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sábado, 30 de janeiro de 2010

À volta da chuva que persiste em não deixar penetrar o sol!

Editora: L&PM, 2007

Ilumina-se a Igreja por Dentro da Chuva
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Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça... x
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Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro ... x
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O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar... x
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Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no fato de haver coro... xx
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A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruído da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel... x
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E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa ... x
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Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"

BNP Digital

Um Dia de Chuva
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Um dia de chuva é tão belo como um dia de sol.
Ambos existem; cada um como é.
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Alberto Caeiro, "Poemas Inconjuntos", em Obra Poética, ed. lit. Aliete Galhoz, Aguilar, 8ª edição, 1986, p. 173

1 comentário:

ana disse...

Hoje, acordei e não está a chover!

julgo que tenho que postar mais palavras sobre chuva para ver se foge de vez. :)

Bom sábado para todos.