Prosimetron

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domingo, 14 de março de 2010

Miss Prússia 2010: Luise e Napoleão

O confronto entre tropas francesas e o exército russo-prussiano durante a batalha de Eylau em Fevereiro de 1807 termina sem um vencedor claro. Napoleão tenta mover Frederico Guilherme a acordar um cessar-fogo. O soberano prussiano recusa no entanto, vendo-se confirmado na sua decisão com a visita que o Czar Alexandre I realiza em Memel, território prussiano. Mas a derrota russa face à França em Friedland em Junho desse ano sublinha a superioridade francesa, e o Czar, forçado a quebrar a aliança com a Prússia, propõe tréguas a Napoleão. O célebre Tratado de Tilsit em a 25 de Junho de 1807 reúne Napoleão frente a Alexandre I e o casal real prussiano: as condições impostas pela França, entre elas, perdas enormes de territórios, a redução da força de exército e a ocupação por tropas francesas, significam o fim da Prússia como potência europeia.


Nesta situação complexa, surge a intenção de recorrer ao “charme” de Luise com vista a atenuar as exigências do adversário: o encontro com Napoleão poucos dias depois, a 6 de Julho, representa o acontecimento mais importante da “carreira” política da rainha da Prússia, contribuindo para a aura em seu torno que ainda hoje subsiste: a jovem soberana, casada com um monarca fragilizado e pouco determinado, enfrenta com coragem e patriotismo o inimigo e humilha-se ao pedir alguma condescendência e “misericórdia” a Napoleão, sempre a bem do seu país. O resultado prático desta negociação entre a bela alemã e o “monstro” francês é nulo, Napoleão mantém-se intransigente.

A família real da Prússia continua, por isso, exilada em Memel. Os dias vivem-se entre resignação e depressão que culminam em total desespero quando Napoleão determina a pesadíssima quantia de 154 milhões de francos como dívida de guerra. Ao corte salarial na função pública e no exército prussiano, sucede a venda das jóias reais que Luise efectua a fim de poder contrair algum dinheiro para tal dívida horrenda, enquanto Frederico Guilherme encara a possibilidade de abdicar do trono. Napoleão proíbe o regresso a Berlim, permitindo apenas que Luise e Frederico se instalem novamente em Königsberg.

A convite de Alexandre I, segue-se uma visita do casal real a São Petersburgo. Frederico acredita numa aliança estratégica renovada com a Rússia, Luise, porém, desiludida com a atitude precedente do Czar, acompanha com desconfiança a aproximação entre o seu marido e Alexandre I. E de facto, a estada na corte russa não comporta resultados concretos a favor da Prússia.
Luise e Frederico regressam a Königsberg, onde nasce o último filho, Albrecht, a 4 de Outubro de 1809. Ainda em Dezembro desse ano, é-lhes autorizada a partida para Berlim que acolhe os reis com júbilo e entusiasmo. Luise retoma uma actividade política notável e inicia, entre várias reformas, uma reorganização do sistema escolar com a ajuda de Johann Wilhem Süvern e Wilhelm von Humboldt.

Luise, rainha da Prússia, morre a 19 de Julho de 1810, vítima de uma pneumonia. É sepultada num mausoléu nos jardins do palácio de Charlottenburg em Berlim.
Seu falecimento precoce aos 34 anos, sua beleza e popularidade junto dos prussianos que a veneravam como soberana patriótica e corajosa, alicerçaram o culto em torno de Luise (Luisenkult) que ainda hoje, passados 200 anos do seu desaparecimento, não deixa de fascinar.

- FIM -

Imagens: Luise e o príncipe Guilherme (futuro Imperador Guilherme I); o encontro de Tilsit; Luise e Napoleão; Charlottenburg

5 comentários:

ana disse...

Gostei desta história à volta de Luise. Foi interessante e parabéns pelo bom gosto que traduziram as imagens e o post em si. :)

LUIS BARATA disse...

Uma grande rainha.Merecida evocação!

MR disse...

Gostei de ler.

Jad disse...

E como diz Goethe:
"Warum weckst du mich, Frühlingsluft?
... die Zeit meines Welkens ist nah"

APS disse...

Para JAD:
Chegue-se à minha idade, e depois falaremos...se eu ainda for vivo...