Prosimetron

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quinta-feira, 8 de abril de 2010

Um pensamento leva a outro e a outro...

O post de JAD com um dos quadros exposto na Exposição: "A Perspectiva das Coisas / A Natureza-Morta na Europa", a decorrer na Fundação Calouste Gulbenkian, despertou-me curiosidade. Quando vi o post pensei: como é que seria visto o burro, um animal com interpretações tão diversas, na pintura ao longo dos tempos?
Só me lembrava de Goya.
Não tive tempo para fazer uma recolha exaustiva da matéria mas encontrei uma imagem peculiar que deixara no comentário e agora coloco aqui.

Este desenho encontra-se no Museo Palatino, em Roma e representa um burro crucificado.
Ora, foi precisamente esta imagem que gravei.
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Desenho de Alessameno

O desenho tem uma inscrição grega e os especialistas datam-no entre os séculos I e III.

Os arqueólogos chegaram à conclusão que a imagem era anterior ao Concílio de Niceia (325).

A imagem é curiosa porque revela a presença do cristianismo ainda intolerado. Ligando-o ao meu objectivo, o papel desta inscrição é uma"caricatura" depreciativa, o desenho é uma blasfémia. Li que durante a Idade Média e o Renascimento o burro foi usado na pintura em relatos da vida de Jesus, não tendo o sentido pejorativo que muitas vezes lhe atribuímos.

Qual será a simbologia (as) deste animal que agora é tão grato para o homem?

Nota: Na época era comum os criminosos serem condenados à crucificação. Seguindo a ideia dos arqueólogos e estudiosos estamos perante um possível cristão condenado por o ser. Será?

1 comentário:

ana disse...

Abusivamente coloquei o Concílio de Niceia como uma fronteira para se decidir a datação da figura. Confesso que me agradava essa ideia mas os arqueólogos apenas se socorreram do Concílio para demonstar que era anterior.
Por isso decidi reformular o texto.
Apaixonei-me por esta imagem, a paixão leva à cegueira.
Bom peço desculpa por algum inconveniente mas o link tira as dúvidas a quem quiser ler.