Prosimetron

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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Nana

Em Agosto passado, a propósito de operetas não pude deixar de me lembrar de Nana, romance de Zola, cuja história pode ler em http://fr.wikipedia.org/wiki/Nana_(roman). Publicado em 1880 é o 9.º volume da série Rougon-Macquart.
E o post ficou adiado para hoje, dia em que passam 108 anos sobre a morte do escritor.


Édouard Manet - Nana
Óleo sobre tela, 1877
Hamburgo, Kunsthalle


«Às nove horas, a sala do Teatro das Variedades ainda estava ainda vazia. Algumas pessoas, no balcão e à frente da plateia, esperavam, perdidas por entre cadeiras de veludo carmesim, baçamente iluminadas pela luz difusa do lustre. A grande mancha vermelha do pano de boca estava inundada pela penumbra e nem um ruído vinha do palco, com a ribalta apagada e as estantes dos músicos desarrumadas. Apenas em cima, na terceira galeria, em torno da rotunda do tecto, onde mulheres e crianças desnudas iniciavam o seu voo para um céu a que o gás dava y«um tom esverdeado, gritos e risos se sobrepunham ao marulhar contínuo das vozes e cabeças cobertas por bonés e por barretes surgiam atrás dos amplos parapeitos dourados. [...]
«- Espere lá! - respondeu Fauchery. - Antes de poder falar sobre a sua Nana, é indispensável que a conheça... E , além disso, não prometi nada. [...]
«-Disseram-me - recomeçou ele [La Faloise ...] - que Nana tinha uma voz deliciosa.
«- Ela?- exclamou o director, encolhendo os ombros. - É uma verdadeira cana rachada!
«O jovem apressou-se a acrescentar:
«- Uma excelente comediante, apesar disso.
«- Ela?... Um verdadeiro cepo! Não sabe onde pôr os pés e as mãos.
«La Faloise enrubesceu levemente, Não compreendia nada, Balbuciou:
«- Por nada deste mundo perderia a estreia desta noite, Sabia que o seu teatro...
«- Diga antes o meu bordel - interrompeu novamente Bordebnave, com a obstinação de um homem convicto.»

Émile Zola
In: Nana / trad. Carlos Loures. Lisboa: Europa-América, 1973, p. 7-9


Renoir - O camarote
Óleo sobre tela, 1874
Col. particular



Nana, Filme de Jean Renoir, de 1926.


Do filme (1981) para televisão de Maurice Cazeneuve (1923-), adaptação de Nana de Zola.

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