Prosimetron

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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Vivências na Lisboa de 4 de Outubro de 1910 (II)

Era ainda noite negra, quando a campainha da porta bateu com força... Moisés acordou sobressaltado, recomeçou a ouvir os ais da mulher, e perguntou:
- Ouviste? Bateram...
- Sei lá ... Em mim é que parece que bateram!

Mas agora não havia dúvida, voltava a campainha a tocar desalmadamente. Enfiou as pantufas e pelo corredor já mal iluminado pela lamparina exausta de azeite, foi à porta:
- Quem é? O que é que querem a estas horas?
- Abra Moisés. É o seu vizinho Lopes, o do rés-do-chão...
-Obrigado mas ainda não há novidades.
- Há, sim! Abra.

Estremunhado, Moisés abriu as portas, sem perceber a insistência do vizinho:
- Você já sabe? Rebentou.
- Ó amigo Lopes, garanto-lhe que por enquanto ainda não...
- Pois você não ouviu? Foi assim: Pum, Pum, Pum ...


(Logo mais, ou amanhã, esclareço quem escreveu este relato, de 4 de Outubro de 1910).

4 comentários:

MR disse...

Os amigos de José Fontana contavam que ele aparecia sempre a prometer que «ela rebentaria, - para a semana.»

MR disse...

Aparecia, sempre com ar conspirativo...

APS disse...

Durante o "Estado Novo" também houve destes profetas pouco clarividentes...
Agora este nome "Moisés" diz-me qualquer coisa?!...

MR disse...

fartei-me de ouvir: «- Está para breve».