Prosimetron

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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A arte do retrato - 35

Antonio Franchi, Retrato de Ana Maria Luísa de Médicis, 1690-91, óleo sobre tela, Polo Museale Fiorentino.

Não porque seja um retrato incomum ou extraordinário, mas porque é o retrato de uma verdadeira benfeitora da Humanidade que deve ser recordada de quando em vez.
Ana Maria Luísa de Médicis ( 1667-1743 ), Eleitora Palatina pelo casamento, a última dos Médicis, não conseguiu ocupar o trono dos seus antepassados quando a 9 de Julho de 1737 faleceu o seu irmão João Gastão, último Grão-Duque da Toscana da dinastia Médicis e um dos príncipes mais debochados que a Europa já teve, já que os seus direitos foram sacrificados pelas grandes potências da época. A Eleitora, uma viúva septuagenária e sem filhos, foi mais ou menos coagida a ceder a Toscana a Francisco de Lorena, genro do Imperador Carlos VI pelo seu casamento com a filha deste, a célebre Maria Teresa de Áustria, o que ficou consagrado no Tratado de Viena de 1738. No entanto, a "vingança" da última dos Médicis ficou na História : por força do seu testamento, tudo o que possuía, incluindo as preciosas colecções artísticas acumuladas pelos Médicis durante séculos, foi deixado a Florença com duas condições- que as colecções permanecessem indivisíveis em Florença e abertas ao público. Foram as últimas vontades desta princesa que fizeram com que Florença mantivesse os seus preciosos tesouros ( que doutra forma, poderiam ter desde logo ido parar a Viena... ) e se transformasse progressivamente numa cidade-museu. E Florença não se esqueceu da sua benfeitora que continua a ser lembrada a cada 18 de Fevereiro, com um cortejo que vai do Palazzo Vecchio até ao seu túmulo nas Capelas Médicis da Basílica de São Lourenço e com entradas livres nos principais museus da cidade.

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