Prosimetron

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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Poemas - 58


MONÓLOGO DA OLIVEIRA

Sobrevivo com uma pinga de água.
Um olhar de quem passa dá e sobra

muitos meses um sorriso me basta
para reverdecer por longos anos

- a minha copa foi feita de sonho
e de coisas exactas e tão negras

como pequeno bago de azeitona.
Sinais minúsculos e trespassados

de luz na cerração densa da morte.
Vi romanos, moiros, e judeus:

o par de mansos olhos do Cordeiro
no meu tronco perdura até ao fim.


- José António Almeida, O casamento sempre foi gay e nunca triste, &etc, 2009, p.50.

2 comentários:

Filipe Vieira Nicolau disse...

óptimo!

LUIS BARATA disse...

Curioso como uma das coisas que mais me impressionou em Jerusalém foi precisamente o Jardim das Oliveiras. Vê-las tão velhas, decaídas, mudas testemunhas dos séculos, das fés e do sangue.