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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Centenário de uma Princesa Portuguesa viva - 31 de Janeiro de 2012

Visita à Maternidade Alfredo da Costa, em 15 de Maio de 1966,
 para entrega de enchovais  a recém-nascidos nesse dia,
21º aniversário de seu sobrinho Dom Duarte de Bragança



Maria Adelaide de Bragança van Uden, neta do Rei Dom Miguel, será condecorada na terça-feira com a Ordem de Mérito Civil, num jantar em Lisboa, no qual celebrará cem anos.

A condecoração será imposta durante o jantar de homenagem à Infanta no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, pelo embaixador Pinto da França, chanceler da Ordem de Mérito.

A infanta Dona Maria Adelaide, que será agraciada com o grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito Civil, integrou a resistência austríaca aos nazis, esteve presa e veio viver para Portugal, onde criou a Fundação Nun’Álvares Pereira para apoio aos carenciados.

Maria Adelaide de Bragança “é um exemplo de vida pela estatura moral", disse à agência Lusa Raquel Ochoa, autora de uma biografia da Infanta editada em Maio passado.

Referindo-se à actividade de Maria Adelaide como resistente aos nazis, na Áustria, Raquel Ochoa considerou que é “um acto heróico, mas quando questionada sobre a questão, Dona Maria Adelaide apenas afirma que foi uma reacção natural com algo com que não concordava. Era-lhe impossível viver num mundo assim”.

“A resistência era como respirar, perante a educação que tinha tido e os ideais que tinha. Não resistir é que era uma violência contra ela mesma. Resistir era um acto natural”, explicou a biógrafa.

Maria Adelaide foi detida pelas tropas nazis, tendo sido salva de fuzilamento in extremis e após várias diligências de António Oliveira Salazar, então Presidente do Conselho de Ministros, que se indignou por terem prendido uma Infanta Portuguesa.

A autora sublinhou que Maria Adelaide de Bragança van Uden “teve outros actos heróicos” e referiu o seu trabalho “como assistente social em prol das populações desfavorecidas” na margem sul do Tejo, desenvolvido de “forma discreta”.

“Ela [Maria Adelaide] percebeu que através da discrição não era notada nem perseguida, além de, por educação, não gosta de fazer alarde do que faz, há zero de gabarolice nesta família, o que é a antítese da sociedade em que vivemos”, disse.

Esta acção social foi feita no âmbito da Fundação Nun'Álvares Pereira que se diluiu após o 25 de Abril de 1974.

Referindo-se à posição da Infanta ao regime que antecedeu a revolução de 1974, Raquel Ochoa afirmou que “reconheceu Salazar como quem pôs em ordem as contas do Estado, mas insurgiu-se sempre contra os métodos usados”.

Na obra, intitulada “D. Maria Adelaide de Bragança. A Infanta Rebelde”, com chancela da Oficina do Livro, Dom Duarte Pio de Bragança refere no prefácio que a Tia é “um exemplo”.


Público, 30 de Janeiro de 2012

5 comentários:

MR disse...

Luís, continuo à espera deste empréstimo. :-)

hmj disse...

De facto, é obra uma princesa, nascida em 1012 ?, ainda se aguentar em pé!

LUIS BARATA disse...

M.R. : Tem toda a razão!

Espero não cometer nenhuma indiscrição ao revelar que na foto está um prosimetronista...

MR disse...

Já fui ver e está reconhecível. :)

ana disse...

Uma bela idade e com mérito!