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segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Salzburgo e o seu festival


Dentro de sensivelmente três horas, subirá ao palco do Grosses Festspielhaus de Salzburgo a ópera Don Carlo de Giuseppe Verdi, talvez o highlight da 93 ª edição do festival desta cidade que decorre até 1 de Setembro.  Constitui a mais ambiciosa e complexa obra operática do compositor, baseada no drama Don Karlos, Infante de Espanha de Friedrich von Schiller que pouco se preocupou com a autenticidade histórica dos personagens e factos. A título de exemplo, refira-se que a paixão que o infante vive pela sua madrasta Isabel de Valois no libreto nunca existiu. O verdadeiro Don Carlo, tudo menos esbelto, sofria de graves problemas mentais, talvez derivados do matrimónio praticamente incestuoso entre Maria de Portugal e Filipe II de Espanha. E o personagem de Rodrigo, Marquês de Posa, resulta simplesmente da criatividade fictícia do escritor, dramaturgo e filósofo alemão. Mas foi precisamente esta distância entre realidade e fantasia que permitiu a Verdi dar à luz um trabalho que interliga a esfera política sinistra do século XVI com a privacidade e intimidade dos actores de uma forma tão estreita que nenhuma outra ópera do repertório verdiano alcançou. A multiplicidade das relações humanas do drama junta-se ao ambiente tenebroso que Verdi, desde o primeiro compasso, reproduz na sua abordagem musical.
 
Salzburgo leva a cabo uma produção grandiosa: mais de 240 figurantes chegam a ocupar o palco. O elenco é "estrondoso": Jonas Kaufmann (Don Carlo), Matti Salminen (Filipe II de Espanha), Anja Harteros (Elisabetta di Valois) e Thomas Hampson (Rodrigo, Marchese di Posa) encarnam os papéis principais, acompanhados pela Orquestra Filarmónica de Viena sob a direcção de Antonio Pappano. A realização cabe a Peter Stein.
A organização do festival decidiu, e muito bem, recorrer à versão original de cinco actos que sofreu várias alterações, mesmo aquando da estreia em Paris a 11 de Março de 1867. Assim, o espectáculo durará cerca de cinco horas. "É uma ópera longa, é verdade. Mas tem de ser assim", justificava Giuseppe Verdi a dimensão da sua obra prima.
 
 
Imagens: Jonas Kaufmann, Anja Harteros e Thomas Hampson

3 comentários:

Jad disse...

Gostava de estar lá.

Filipe Vieira Nicolau disse...

Também eu, Jad

ana disse...

Filipe ,
Muito interessante e claro, também gostaria de assistir, primeiro, porque gosto muito de Verdi. Segundo porque não conheço esta cidade.

Mas conhecerei, isso tenho a certeza. :)))
Boa noite! :)