Prosimetron

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sábado, 19 de outubro de 2013

De repente, não mais que de repente...



Soneto de Separação

DE REPENTE do riso fêz-se o pranto
silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fêz-se espuma
E das mãos espalmadas fêz-se o espanto.

De repente da calma fêz-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fêz-se o pressentimento
E do momento imóvel fêz-se o drama.

De repente, não mais que de repente
Fêz-se de triste o que se fêz amante
E de sozinho o que se fêz contente.

Fêz-se do amigo próximo o distante
Fêz-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.

Vinicius de Moraes, in 'O Operário em Construção'
in Citador
Vinícius de Moraes nasceu em 19 de Outubro de 1913



 

2 comentários:

João Menéres disse...

Uma bela poesia muito bem escolhida para homenagear o grande Vinicius no centenário do seu nascimento !

LUIS BARATA disse...

Bela evocação de um génio.