Prosimetron

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sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

O Papa


«No último livro que me é consagrado, fiquei surpreendido por encontrar um artigo de Jean Paulhan. Jean Paulhan era com efeito um dos principais personagens da N.R.F. Chamavam-lhe o Papa.
«Nunca o encontrei. Nunca li nada dele. Ele começa o seu artigo com elogios mas conclui que o que me falta é o sentido do trágico. […]
«Eu falo muito do trágico. Penso mesmo que ele deve ter mesmo encontrado, o trágico quotidiano, nos escritórios da N.R.F.
«Ele já visitou um hospital? Já assistiu, quer num posto de polícia, quer na P.J., a um interrogatório?
«Este trágico quotidiano é que me toca e não aquele dos grandes períodos inflamados, nem o das dúvidas ou das angústias filosóficas.
«O que me surpreendeu, foi que Jean Paulhan me tenha lido. […]
«A que ponto lhe terei parecido vulgar?»
Simenon – Des traces de pas. Paris: Presses de la Cité, imp. 1975, p. 26-27


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