Prosimetron

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segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

As putas da Avenida


Lisboa: Assírio & Alvim, 2006

Eu vi gelar as putas da Avenida
ao griso de Janeiro e tive pena
do que elas chamam em jargão a vida
com um requebro triste de açucena

vi-as às duas e às três falando
como se fala antes de entrar em cena
o gesto já compondo à voz de mando
do director fatal que lhes ordena

essa pose de flor recém-cortada
que para as mais batidas não é nada
senão fingirem lírios da Lorena

mas a todas o griso ia aturdindo
e eu que do trabalho vinha vindo
calçando as luvas senti tanta pena

Fernando Assis Pacheco
Morreu há 15 anos. Agradeço a APS o ter-mo recordado.

3 comentários:

APS disse...

Eu acho que é um dos grandes poemas
do Assis Pacheco. Parabéns pela sua
sábia escolha!

APS disse...

Não pertencia à minha "triagem" para a EP, felizmente,porque ao "ilustrar" optei por duas facetas (e FAP tem muitas...)diferentes.Mas volto a dizê-lo:é um dos grandes poemas do Nando.

MR disse...

Ainda bem que gostou. Estive para colocar «Rua da Rosa, Lisboa: o pombo», que adoro. Gosto imenso da poesia do FAP.