Prosimetron

Prosimetron

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Demónios de saias - 4

Luísa de Jesus foi a última mulher condenada à morte em Portugal em 1 de Julho de 1772. Nascida nos arredores de Coimbra quase nada se sabe acerca desta mulher que foi executada aos 22 anos de idade por ter assassinado 33 expostos, ou seja, bebés abandonados, que ela ia buscar à "roda" de Coimbra, umas vezes dando o seu nome verdadeiro outras usando um nome falso, apenas com o intuito de se apoderar do enxoval da criança e arrecadar os 600 réis que eram dados cada vez que se ia buscar uma criança. A ré só confessou a autoria de 28 homicídios, mas no total foram mesmo 33 as crianças que ela matou por envenenamento. Foi mostificada e insultada pelas ruas de Lisboa, tendo sido de seguida enforcada e queimada em execução pública.
Apesar do macabro nesta história é interessante recordar que nessa altura o povo começava a insurgir-se contra o castigo. Quando em 1846 foi morto em Lagos o último português, há muito que a população pedia o fim da pena de morte. A justificação para o desaparecimento desta pena tem origem no desenvolvimento que entre nós tiveram as ideias liberais herdadas da revolução de 1820 e da forte pressão da maçonaria nacional, que entendia ser a pena de morte atentatória da vida e da liberdade humana. Ainda a este propósito, o escritor Victor Hugo ao felicitar em 1876 Portugal por ter abolido a pena de morte afirmou estar o país a "dar o exemplo à Europa. A Europa imitará Portugal".
Desta forma também o Orçamento de Estado ficaria aliviado de uma verba uma vez que por ano o carrasco recebia 49. 200 réis pelos serviços prestados.

3 comentários:

ana disse...

Fez-me lembrar a "fazedora de anjos do Eça de Queirós no "Crime do Padre Amaro.
História incrível...
:)

MLV disse...

É mesmoe tudo se passou em Coimbra, Ana! :)

ana disse...

:)