Prosimetron

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segunda-feira, 26 de abril de 2010

DE AMOR

Considera o amor como um retoque num quadro antigo,
que subitamente o vem iluminar:
vimo-nos muitas vezes antes de seres no meu olhar
aquela luz em um país perdido
que tu quiseste em vão esconder, negar.

O quadro manteve o mesmo fulgor:
a reverberação no silêncio da perda,
o desamor.

Quem avivou o brilho das tintas, quem corrigiu o baço
sinal da morte? Falámos de uma dor
num fundo esbatido. Falámos do grito mudo do teu corpo.
Falámos de amor.

Luís Filipe Castro Mendes
In: Modos de música. Lisboa: Quetzal,1996


E já agora as palavras em itálico vêm daqui:

INSCRIÇÃO

Eu vi a luz em um país perdido.
A minha alma é lânguida e inerme.
Oh! Quem pudesse deslizar sem ruído!
No chão sumir-se, como faz um verme...

Camilo Pessanha

5 comentários:

Jad disse...

Mas o verme, mesmo o mais pequenino, transforma-se numa borboleta que voa no sentido da Luz.

APS disse...

Está à bica uma "Bibliofilia" sobre...

Anónimo disse...

Claro, como na Lebre.

MR disse...

... Camilo Pessanha!

APS disse...

No alvo,MR!