Prosimetron

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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Victoria







ictoria.
Tinha este nome triumphante, que suggere ao nosso espirito manhãs claras de sol a bater nas espadas polidas dos guerreiros, musicas estridulas que fallam de sangue de heroes e de glorias coroadoras... E comtudo nada mais triste do que a sua face de quasi idiota, o seu olhar inexpressivo, o seu rir incolôr!
Ainda aos domingos era boa de vêr: as saias de chita muito rodadas, o lenço claro, o casaquito novo; o seu riso até era mais infantil e mais sonoro. Mas nos outros dias fazia pena, mesmo muita pena, vê-la tão pobresita, quasi miseravel—a saia de riscado muito remendada, o cabello a sair-lhe do lenço, rôto pelo cantaro sempre em equilibrio sobre a sua cabeça tão vazia.
Dava agua ás casas ricas, por trez tostões ao mez. Senhor, como se é infeliz; como póde alguem viver assim, n'um mundo em que outros teem tanto de sobejo! (...)

18 de junho [18]96

Ana de Castro Osório, "Victoria" in Infelizes (Histórias de Vida). Daqui [Projecto Gutenberg]

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