Prosimetron

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quarta-feira, 1 de maio de 2013

Não basta abrir a janela

Um poema que não me canso de ler... porque há sempre uma janela por abrir como a do pintor William Coldstream. Prima por ter as cores de Roma e é serena. 
Boa noite!

William Coldstream, Window in Hampstead 1981



Não basta abrir a janela 

Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores: há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada, e todo o mundo lá fora;
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse,
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

1923 

Alberto Caeiro, Poemas Inconjuntos (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993), p. 75.

 

5 comentários:

Maria Manuela disse...

Lindíssimo, o poema! E tão "real"!...
Uma beleza, esta canção!
E uma óptima maneira de começar um novo dia...
Obrigada, Ana!

ana disse...

Obrigada, Maria Manuela!:)
Um feriado feliz. :)

Cláudia Ribeiro disse...

Concordo consigo, é um poema para ler e voltar a ler vezes sem conta!
É belíssimo e repleto de significado.

O quadro é muito bonito.

Bom 1.º de Maio!

Beijinhos.:))

MR disse...

Tb gostei do quadro que não conhecia.
O poema...

Isabel disse...

A pintura é lindíssima!