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sexta-feira, 25 de julho de 2008

25 de Julho, dia da independência de Portugal: o papel de Ali ibn Yusuf


Celebra-se hoje, 25 de Julho, a batalha de Ourique de 1139. Esta data é reconhecida como sendo a data da fundação do Reino de Portugal, que consequentemente faz hoje 869 anos; nasciam igualmente as quinas azuis e os besantes de prata que ainda hoje constam da bandeira nacional.

Muito se ficou a dever ao emir Ali ibn Yusuf, por omissão. Este senhor era o governante dos Almorávidas, a dinastia berbere muçulmana que ocupava grande parte do noroeste de África e da Península Ibérica. Líder considerado fraco, é hoje entendido que ocupava o seu tempo em oração e jejum à medida que o Império Mouro se desmoronava.

A sua inércia levou a múltiplas e sustentadas revoltas, das quais a Portuguesa terá sido porventura umas das suas menores preocupações:

1 - Em Córdova, na Península, as múltiplas taifas ibéricas decorrentes da desagregação do Califato de Córdova (chegaram a ser 34) e re-agregadas pelo seu pai na sequência do pedido de auxílio contra Afonso VI de Castela, reclamam a independência: em 1119, começa a revolta do Al-Andalus.

2 - No coração do emirato, na actual zona de Marrocos, nasce uma revolta de índole religiosa: Ibn Tumart, um jovem mendigo berbere enfezado e deformado, foi em peregrinação a Meca e Bagdad. Discordando de elementos ensinados nas escolas religiosas, criou uma clivagem religiosa fundamentalista que vem apresentar ao emir, em Fez. Rejeitado, refugia-se nas montanhas do Atlas onde cria o movimento dos Almôadas (na década de 1120), que exorta os muçulmanos a regressar ao verdadeiro Corão. Começa a guerrear os Almorávidas e morre em 1128, na sequência de uma pesada derrota. Sucede-lhe um argelino, Abd al-Mu'min, que a partir de 1130 começa a arrasar o poder Almorávida de Ali ibn Yusuf.

3 - E a norte da península, os governantes cristãos vão corroendo as orlas do emirato: de 1118 em diante, com a tomada de Zaragoza, Afonso I de Aragão vai conquistando territórios; em 1135, Afonso VII, com a acumulação das coroas de Castela e Leão, auto-designa-se Imperador da Hispânia; em 1139, começam as cruzadas de Afonso VII e é a vez do jovem Afonso Henriques, Príncipe de Portugal, primo e vassalo de Afonso VII, aproveitar genialmente a fraqueza dos seus inimigos mouros para lhes inflingir uma derrota suficiente para se proclamar Rei de Portugal (no que só viria a ser reconhecido pelo seu primo em 1143 e por Roma em 1179).

Ali ibn Yusuf morreu em 1142; o seu filho e sucessor morreu 4 anos depois ao cair de uma duna, após uma batalha em território argelino contra os Almôadas; a dinastia Almorávida extinguiu-se em 1147.

Simultaneamente, a vitória de D. Afonso Henriques, porventura peça menor no xadrez Almorávida, foi a pedra de fundação da Nação das Descobertas.

Muitos parabéns!

PS - Curiosamente, hoje é feriado em Espanha e é o "Día da Pátria Galega" na Galiza

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