Prosimetron

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domingo, 7 de setembro de 2008

Matilde de Canossa

No passado dia 31 de Agosto, foi inaugurada a exposição "Matilde di Canossa, il Papato, l'Impero" na Casa del Mantegna em Mantova (Itália). À volta desta personalidade histórica e do conflito entre o Papado e o Sacro Império, é reconstruída a sociedade medieval entre o século XI e XIII. Pintura, escultura, joalharia, tecidos e objectos quotidianos estão expostos neste espaço até 11 de Janeiro de 2009.

Matilde, filha de Bonifacio di Canossa e Beatrice di Lorena, nasce em Mantova em 1046. Após a morte do pai e dos irmãos, segue com a sua mãe para o exílio na Alemanha. Por motivos de estratégia política, casa-se em 1069 com Godefroid "le Bossu" (o corcunda), filho do seu padrasto. Dois anos depois, refugia-se deste matrimónio infeliz e volta para o norte de Itália. Em conjunto com a sua mãe, estabelece ligações fortes com o Papa Gregório VII. Coloca a sua fortaleza principal em Canossa à disposição do Sumo Pontífice, quer como local de refúgio, quer como local de negociações.


Em 1077, dá-se a célebre ida do imperador Henrique IV a Canossa que pede a intercessão de Matilde junto de Gregório VII para pôr termo ao conflito com o Papa (conflito das investiduras). Henrique IV, penitente, terá permanecido descalço durante três dias em pleno Inverno, aguardando uma audiência do Papa, que inicialmente se recusa a receber Henrique. Graças à intervenção de Matilde, Gregório VII acaba por ceder, recebe Henrique que, por sua vez, aceita as condições impostas mediante juramento.

Após a morte de Gregório VII, Matilde interfere em 1085 na eleição do novo Papa através de delegados próprios. Oferece apoio militar a Urbano II. Sob instruções do Papa que pretende reforçar a posição contra Henrique IV, Matilde casa aos 43 anos com Welf V. da Baviera (que conta apenas 17 jubilosas primaveras...).
Ao longo deste período, Matilde consolida a sua posição política no norte de Itália, numa extensão geográfica que abrange os condados de Reggio, Modena, Mantova, Brescia e Ferrara.



Matilde de Canossa morre a 24 de Junho de 1115 em Bondeno (província Reggio Emilia) onde é sepultada na abadia Polirone (San Benedetto Po). Os seus restos mortais são trasladados para a Basílica de S. Pedro em Roma em 1633 sob o Papa Urbano VIII que declara Matilde "testemunha" da vitória final da ecclesia militans sobre o Sacro Império.


Imagens: Estátua de Bernini representando Matilde, Basílica de S. Pedro (Roma); Henrique IV pede a Matilde e a Hugo de Cluny intercessão junto do Papa; L'abazzia di Polirone em San Benedetto Po

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