Prosimetron

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sexta-feira, 3 de outubro de 2008

W.B.Yeats

Ao tentar dar alguma ordem aos meus "arquivos "- pastas, caixas e até folhas soltas, encontrei um cartão de visita nas costas do qual estavam escritos estes versos de um dos meus poetas preferidos de língua inglesa, William Butler Yeats :

How many loved your moments of glad grace,
And loved your beauty with love false and true;
But one man loved the pilgrim Soul in you,
And loved the sorrows of your changing face.

São versos do poema "When you are old ", um dos que mais gosto sobre o envelhecimento dos nossos seres amados.
Conservei o cartão de visita, até porque me lembrei da circunstância em que anotei estes versos.

6 comentários:

Anónimo disse...

Os papéis soltos que encontramos são sempre uma boa surpresa. Esses versos são lindos.

Envio-lhe estes versos do poema "THE LAKE ISLE OF INNISFREE"(1892)

"I will arise and go now, for always night and day
I hear the water lapping with low sounds by the shore;
While I stand on the roadway, or on the pavements gray,
I hear it in the deep heart's core."

LUIS BARATA disse...

Muito obrigado.O som da água que corre é para mim um dos mais belos.

Miss Tolstoi disse...

Yeats é um dos meus poetas preferidos. E este poema um dos de que mais gosto. Na belíssima tradução de Maria de Lourdes Guimarães e Laureano Silveira ficou assim (o poema completo):

QUANDO FICARES VELHA

Quando ficares velha, grisalha e sonolenta
E cabeceares à lareira, pega neste livro
E lê-o devagar, sonha com o olhar meigo
E com as sombras profundas outrora nos teus olhos;

Quantos amaram os teus momentos de feliz encanto
E a tua beleza com amor falso ou autêntico,
Além daquele homem que amou em ti a alma peregrina
E as tristezas que alteravam o teu rosto;

E curvando-te mais sobre a lareira ao rubro
Murmura, um pouco triste, como o Amor fugiu
E caminhou sobre as montanhas lá no alto
E escondeu numa multidão as estrelas.

Anónimo disse...

E como eu também gosto (imensíssimo!) de Yeats, vou transcrever a tradução que José Agostinho Baptista fez de

A ILHA DO LAGO DE INNISFREE

Partirei para Innisfree,
E aí uma cabana edificarei, uma cabana de argila e canas:
Plantarei nove renques de feijão e haverá uma colmeia,
E solitário entre o rumor das abelhas viverei.

Alguma paz desfrutarei, porque como lenta gota é a paz,
Desprendendo-se ds véus da manhã até ao lugar onde o grilo canta;
Eis aí a meia-noite de esplendor, o meio-dia de fulgurante púrpura,
E uma plenitude de asas cantantes o entardecer.

Ergo-me e voi, partocom a noite, parto com o dia,
Oiço as águas do lago, o seu murmúrio junto à costa;
Seja pelos caminhos,seja pelas sombrias ruas,
Oiço esse murmúrio no mais fundo do coração.

In: W. B. Yeats - Poemas. Lisboa: Assírio & Alvim, 1988, p. 15

Tive pena de não ter visitado a casa de Yeats - Thoor Ballylee -, mas, na época, as estradas eram muito más, chovia imenso,e não consegui chegar a Galway. Um dia voltarei...
Não conheço outro país que tenha tanto orgulho nos seus escritores.
M.

Anónimo disse...

Estive a comparar a tradução de José Agostinho Baptista com outra que ele fez posteriormente e tem alterações. Esqueçam a anterior:

A ILHA DO LAGO DE INNISFREE

Sim, partirei já, partirei para Innisfree,
E aí uma cabana edificarei, uma cabana de argila e [canas:
Plantarei nove renques de feijão e haverá uma [colmeia,
E solitário entre o rumor das abelhas viverei.

E alguma paz desfrutarei, porque como lenta gota é [a paz,
Desprendendo-se dos véus da manhã até ao lugar [onde o grilo canta;
Eis aí a meia-noite de esplendor, o meio-dia de [fulgurante púrpura,
E uma plenitude de asas cantantes o entardecer.

Ergo-me e vou, parto com a noite, parto com o dia,
Oiço as águas do lago, o seu murmúrio junto à [costa;
Seja pelos caminhos,seja pelas sombrias ruas,
Oiço esse murmúrio no mais fundo do coração.

In: W. B. Yeats - Uma antologia. Lisboa: Assírio & Alvim, 1996, p. 13

M.

Anónimo disse...

Obrigada pelas traduções, também gosto de Yeats.
Contudo, a sonoridade é mais bonita em língua inglesa.

Claro, às vezes é difícil de traduzir os românticos e compreendê-los. Embora, Yeats nos anos 40 abraçasse o modernismo como não poderia deixar de ser.