Prosimetron

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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Investimento mínimo - retorno máximo

Numa época de plena indiferença e de um total Vale tudo quanto ao vestuário quotidiano, é bem provável que um ou outro estilista se recorde com algum saudosismo dos bons velhos tempos do século passado em que existiam regras e linhas claramente definidas. Quebrá-las significava um desafio inédito e picante ao mesmo tempo. Quem as quebrou de modo muito ousado, foi Mary Quant que festejou o seu 75º aniversário na passada quarta-feira.

A ela deve o mundo ocidental feminino um passo decisivo na sua emancipação do pós-guerra: a minissaia. Sem qualquer intenção de contribuir à libertação feminina, Quant pretendia, apenas, criar um guarda-roupa destinado ao working girl moderno. Segundo a estilista londrina, a moda era, até ao início dos anos 60, elegante e feminina, mas tudo menos prática. “A minissaia era inevitável”, assim o afirma, “para poder correr atrás de um autocarro ou apanhar outro transporte público”. Com uma simples tesoura, Quant deu à luz a primeira saia em 1962, exposta na sua loja em King’s Road que detinha desde 1955.

O background não poderia ser mais fecundo: Swinging London estava a nascer a partir do bairro de Chelsea, a banda sonora cabia aos Fab Four de Liverpool, a Sétima Arte contribuía com películas como Blow Up, e os ídolos da moda, entre eles, Jean Shrimpton, Veruschka ou Twiggy alicerçaram um estilo inovador.

A partir de 1966, a minissaia conquistou o mundo. À luz dos padrões da época, a consternação era naturalmente enorme: quanto à corte britânica, Isabel II impôs a meta de 7 centímetros acima do joelho como limite máximo desta peça mínima; países como a Malásia ou Tailândia proibiram a minissaia, estigmatizada como símbolo de um vestuário imperialista. Tudo em vão: a minissaia veio, viu e venceu.
Entretanto, a súbdita Mary Quant, mais tarde condecorada por Sua Majestade, vestia estrelas como Audrey Hepburn, Brigitte Bardot ou Grace Kelly.

Até hoje, manteve o seu corte de cabelo inconfundível, o Sixties-Bob de Vidal Sassoon. No entanto, adaptou-se às tendências modernas que surgiram ao longo das últimas quatro décadas. Melhor prova deste espírito aberto são as boutiques "Mary Quant" que continuam como passagem obrigatória para quem visite Londres, Paris, Nova Iorque ou Tóquio.

4 comentários:

Anónimo disse...

Este retorno aos sixties é fantástico.
Julgo que estamos a revivê-lo, pelo menos, a roupa que se vê faz um sino e não marca as formas femininas, como revela a última fotografia do post.
As fotografias das minissaias fazem viajar no tempo, pregas e machos, xadrês e...
Não ando a par da moda mas parece-me que o design acompanha a crise. Será?
A.R.

Anónimo disse...

A Mary Quant era o máximo. E a Twiggy. Acho que o Filipe já fez um post sobre ela.
Acho esta moda engraçada. Melhor que os padrões horrendos que há tempos foram buscar (acho que) aos anos 70. Uns geométricos muito escuros, muito feinhos.
M.

clara boeder disse...

Filipe,

Como sempre muito anglófilo e um pouco sadosista!
E esse Routemaster, que já não existe. As mini-saias sim, estão cada vez mais curtas e as inglesas usam-nas no pico do inverno.
Clara

Anónimo disse...

Andei todo o dia a pensar na palavra xadrez porque não me soava bem o que tinha escrito. Venho deste modo, rectificar o meu comentário.
A lingua portuguesa é terrível...
A.R.