Prosimetron

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sexta-feira, 25 de setembro de 2009

1939 - "O Feiticeiro de Oz"/"The Wizard of Oz" hoje às 19:30 no São Jorge em Lisboa


"When I first saw The Wizard of Oz it made a writer of me", Salman Rushdie

A primeira aventura da MGM em "Glorious Technicolor", imortalizada por uma vasta iconografia desde Judy Garland e "Over the Rainbow" (a canção que esteve eliminada por ser supérflua e veio a ser considerada a melhor canção de sempre do cinema pelo American Film Institute), ao espantalho (que queria um cérebro), ou o homem de lata (que queria um coração), ou o leão cobarde (que queria coragem), a "there's no place like home", passando por sapatos de rubi, a bruxa verde e má, "I think we're not in Kansas anymore", Munchkins, uma "yellow brick road", papoilas soporíferas, tornados, "tigers and lions and bears", ...



Enredo

A jovem Dorothy Gale (Judy Garland) vive com os tios numa quinta no Kansas, sonhando com um lugar "para lá do arco-íris". Um tornado atinge a casa e Dorothy vê-se (juntamente com a casa e o seu cão Toto) transportada para num mundo de fantasia chamado Oz, aterrando literalmente em cima da temível Bruxa Má do Leste. Querendo regressar a casa, é aconselhada pela Bruxa Boa do Norte, Glinda (Billie Burke) a seguir a estrada dos tijolos amarelos para se dirigir à Cidade Esmeralda, onde o Feiticeiro de Oz a poderá ajudar.

Pelo caminho, encontra um Espantalho (Ray Bolger), um Homem de Lata (Jack Haley), e um Leão Cobarde (Bert Lahr), que se lhe juntam com as suas esperanças específicas (respectivamente, obter um cérebro, um coração e coragem). A viagem é atribulada, com Dorothy a ser alvo de perseguição por parte da Bruxa Má do Oeste (Margaret Hamilton) que quer recuperar os sapatos de rubi da sua irmã, que Glinda lhe oferecera.

Apesar das dificuldades, Dorothy chega à Cidade Esmeralda, onde se defronta com o poderoso Feiticeiro de Oz (Frank Morgan)...


Notas de Produção

Todas as cenas em Oz foram filmadas em 3-strip Technicolor ("Glorious Technicolor!"; as cenas passadas no Kansas são a preto e branco (sépia). Louis B. Mayer tinha resistido à modernice da cor, apenas cedendo a experimentar o novo meio depois do enorme sucesso financeiro de "A Branca de Neve e os Sete Anões", dois anos antes.

O argumento baseia-se nas aventuras escritas por Frank L. Baum, e contou com inúmeras versões e contribuidores; aliás, é um filme de múltiplas contribuições e substituições: o Homem de Lata originalmente era Ray Bolger, que pediu para ser o Espantalho; o candidato seguinte foi Buddy Ebsen, que sofreu uma violenta alergia ao pó de alumínio e teve que ser hospitalizado, sendo substituído por Jack Haley; a bruxa má era originalmente Gale Sondergaard -- não querendo fazer um papel que exigia que parecesse feia, foi substituída por Margaret Hamilton. Também a realização teve vários timoneiros: Norman Taurog foi o primeiro homem do leme, sendo substituído ao fim de algumas semanas por Richard Thorpe. Também este foi considerado pouco adequado e entra em cena George Cukor, mas apenas por alguns dias: dado o compromisso de que iria filmar "E Tudo o Vento Levou", é substituído por Victor Fleming (que foi quem acabou por filmar o épico sulista) e este é finalmente substituído por King Vidor para filmar as cenas finais de "O Feiticeiro de Oz".

As filmagens decorreram de Outubro de 1938 a Março de 1939, marcadas por múltiplas dificuldades. Para além da dança das cadeiras na realização, encontrar mais de cem actores para interpretarem os diminutos Munchkins não foi fácil, nem aplicar maquilhagem a tão vasto elenco; as cenas perigosas fizeram vítimas, incluindo queimaduras graves em Margaret Hamilton.

A pós-produção foi lenta e obteve um produto final com cerca de duas horas -- depois de vários testes de audiência, cortaram-se números de dança e reprises musicais. Uma das canções que esteve quase a não constar do filme foi "Over the Rainbow". Os produtores consideravam que as cenas no Kansas já estavam muito longas e o que interessava era manter as cenas a cores (além de que era degradante ter Judy Garland a cantar... num celeiro). No final, a intervenção de Victor Fleming e dos produtores Mervyn LeRoy e Arthur Freed fez com que a canção permanecesse.



Reacções

O filme foi um sucesso moderado, conseguindo um pequeno lucro face aos custos de produção (na altura, USD 3 milhões de receitas contra USD 2.8 milhões de custos). Só quando se fez a reedição em 1949 é que os lucros dispararam.

O filme passou a integrar grande número de Top 10 Best Movies, tendo a sua iconografia entrado no dia-a-dia.

O filme foi considerado "culturally significant" pela Biblioteca do Congresso dos EUA, que o seleccionou para preservação no National Film Registry em 1989. Em 1998, o AFI considerou-o o 6º melhor filme americano de sempre. Em Junho de 2007, a UNESCO seleccionou o fime para integrar o Memory of the World Register. Em Junho de 2008, o AFI considerou-o o melhor filme americano na categoria de Fantasy.

A canção "Over the Rainbow" conquistou o Óscar para Melhor Canção, tendo sido considerada em 2004 a melhor canção de sempre do cinema pelo American Film Institute. A banda sonora também conquistou o Óscar de 1939. A banda sonora foi considerada a melhor de sempre pelo "The Observer".

O recipiente do prémio Booker of Bookers, Salman Rushdie, escreveu para o British Film Institute um ensaio sobre o filme e a sua influência na cultura popular em que interpreta a força das crianças na resolução de problemas face à incapacidade dos adultos que me pareceu muito inteligente.

Judy Garland conquistou o Óscar para Melhor Actriz ou Actor Juvenil.

Três citações mereceram eleição no "AFI's 100 Years…100 Movie Quotes" em 2005:
- "Toto, I have a feeling we're not in Kansas anymore" (4ª)
- "There's no place like home" (23ª)
- "I'll get you, my pretty, and your little dog, too" (99ª)

Os sapatos de rubi também fizeram história: em 1970, num leilão da MGM, um par vendeu-se por USD 15.000. Outro leilão, em 2000, obteve USD 666.000. Mais recentemente, um par foi furtado do Judy Garland Museum, em Minnesota.

A 23 de Setembro de 2009, vários cinemas nos EUA exibiram o filme em homenagem ao seu 70º aniversário, numa versão de alta definição. O Cinema São Jorge, em Lisboa, exibe hoje o filme às 19:30 -- desconheço a versão.

3 comentários:

Jad disse...

Obrigado... Já não vou para a Ilha de Orfeu. Hoje vou para o Mundo de OZ

Jad disse...

Pelo menos em sonhos

LUIS BARATA disse...

Não é preciso sonhar, é só ir ao S.Jorge :)