Prosimetron

Prosimetron

sábado, 26 de setembro de 2009

O que eu te não digo

O meu desejo era mandar-te prosa
cheia de cor, de brilho, de relevo,
na pequenina folha cor-de-rosa
deste papel vulgar em que te escrevo.

Palavras de ternura? Não me atrevo.
Se penso numa frase carinhosa
arrependo-me logo: - «Não… Não devo…»
E a página sai fria, dolorosa.

Lamentas-te. Bem sei que tens razão.
Quero escrever, falar, e não consigo…
Vê que perturbadora comoção!

E, contudo, tu tens de compreender
o que eu, por mais que faça, te não digo;
o que eu não sou capaz de te escrever.

Virgínia Vitorino

Sem comentários: