Prosimetron

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sábado, 14 de agosto de 2010

Do universo do poema para uma tela...

Na Galeria Nacional Húngara estava a decorrer uma exposição sobre o futurismo dedicada a Fortunato Depero a quem voltarei. Juntaram a Depero um conjunto de pintores húngaros. Kádár Bela era um dos que fazia parte do grupo. A tela de Béla pode não ser o paradigma de uma pintura futurista mas estava incluída na exposição.
Gostei desta tela porque debaixo das estrelas pode contemplar-se o universo em verso e chegar à conclusão que no homem tudo é exíguo, como expressa o poeta Bábits Mihály.

Kádár Béla (1877-1956), Debaixo das Estrelas, c. 1923


Colecção privada, exposição temporária na Galeria Nacional Húngara, Budapeste, Hungria

O EPÍLOGO DO LÍRICO

Só eu posso ser herói de meus versos
nas minhas canções, início e fim:
desejo pôr em verso o universo,
mas não pude ir além de mim.

E creio. já, que nada existe fora
de mim, mas, se sim, porquê sabe Deus.
Noz cega fechada na casca, ora
espero que a partam em desgostos meus.

Do mágico círculo sair não
sei. Só a flecha do desejo tem
saída - mas, sei, de voo incompleto.

Eu fico, de mim mesmo a prisão,
porque eu sou sujeito e objecto,
ai, alfa e ómega sou também.

Babits Mihály, in Rosa do Mundo, 2001 Poemas para o Futuro, Lisboa: Assírio & Alvim, 2001, p.1244 ( tradução Ernesto Rodrigues)

1 comentário:

ana disse...

Kádár Béla é um pintor que foi vanguardista que me agradou bastante. Vejo nele algo de Chagall.