Prosimetron

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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O que estou a ler - 1. a)

[ Retrato do compositor Charles-Valentin Alkan(1813-1888) ] (...) Durante o jantar, dissertámos sobre a felicidade e maldição a que estamos condenados: os livros são caros no acto da compra, não valem nada na revenda, assumem preços incomportáveis depois de esgotarem, são pesados, acumulam pó, sofrem com a humidade e os ratos, a partir de uma certa quantidade tornam-se quase impossíveis de transportar de uma casa para a outra, necessitam de uma classificação precisa para poderem ser utilizados e, sobretudo, devoram o espaço. (...) Até hoje, apenas a parede do quarto em que está encostada a cama é que permaneceu sempre livre, por razões que se prendem com um trauma antigo: a descoberta, há muito tempo, das circunstâncias da morte do compositor Charles-Valentin Alkan, a quem chamavam o "Berlioz do piano", morto em sua casa, a 30 de Março de 1888, esmagado pela própria biblioteca! Se cada corporação tem o seu santo mártir, Alkan, o pianista virtuoso que Liszt admirava e que herdou os alunos de Chopin quando este morreu, é certamente o santo mártir dos fanáticos por bibliotecas.
(...)

- Jacques Bonnet, in bibliotecas cheias de fantasmas, p.16-17. ( Sobre este livro, vd Aquisições recentes-17 )

3 comentários:

MR disse...

Este livro deve ser bem giro.
Sobre «assumem preços incomportáveis depois de esgotarem», amanhã farei um post sobre um livro.
Também já tive uma grande estante ao lado da cama, a qual foi mudada de sítio após o tremor de terra de final dos anos 60, não me fosse acontecer o mesmo que a Charles-Valentin Alkan.

LUIS BARATA disse...

Tenho uma estante ao lado da cama, mas dá-me pela cintura...
Amanhã virão mais passagens deste livro delicioso, que até estou a ler racionadamente...

Jad disse...

Não conhecia a história... e não li, ainda, o livro. Também não tenho livro no quarto... fora aqueles que ando a ler e que dormem na cama, ou junto dela.